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Arte urbana em São Paulo: como se reconectar com a cidade

Projetos de intervenções artísticas se multiplicam e proporcionam novos olhares sobre o espaço urbano

Por Abril Branded Content
Atualizado em 27 Maio 2024, 10h29 - Publicado em 8 dez 2017, 17h00
Diversos projetos e intervenções fazem com que a população se conecte mais com a cidade (Choque Cultural/Divulgação)
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São Paulo é conhecida por ser palco de uma forte cena cultural. Os principais espetáculos, shows e exposições internacionais geralmente passam primeiro pela metrópole para depois ganhar todo o Brasil.

Para Baixo Ribeiro, curador, ativista de cultura na cidade e um dos fundadores da Galeria Choque Cultural, São Paulo vive o que ele chama de  Urbanismo de Bolha. “Você está em seu apartamento fechado, entra em um carro, chega no trabalho, continua em um espaço fechado. Quando pensa em lazer, entra em um shopping center. Isso faz com que se viva dentro de uma bolha, sem ter contato com o diferente, sem ter contato com as pessoas que não são escolhidas por você. A rua é um lugar importante da gente reocupar e recriar. A vida da bolha tende a criar e acentuar conflitos. Com isso, você perde a parte mais importante da vida, que é uma parte humana”, diz. Mas a maior cidade do país também tem espaço de sobra para um tipo de arte que não exige filas e ingressos caros: as intervenções que acontecem na rua.

De olho nesse movimento, o #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva as pessoas a viverem novas experiências nas principais cidades do Brasil, foi atrás de coletivos e propostas que renovam a cidade todos os dias por meio da arte.

No segundo semestre de 2016, o jovem estudante de fotografia Gengo Mori deixou Manaus, no Amazonas, para estudar e aprimorar o seu talento em São Paulo, a quase 4 000 quilômetros de casa. Um grafite da artista suíça Mona Garon no Elevado Costa e Silva (o Minhocão), chamou a atenção do estudante, que mora no bairro Santa Cecília, região central da capital paulista. “Achei aquilo sensacional. Foi a primeira coisa que vi ao abrir a janela do meu apartamento quando cheguei aqui”, conta.

Hoje, Gengo se considera consumidor da arte urbana da capital paulista. Para ele, em São Paulo, a arte e as intervenções são muito visíveis. “As pessoas não têm medo de se expressar aqui”, admira-se.

A carioca Celia Rego, que vive em São Paulo há dez anos, concorda. Sempre que recebe amigos do Rio de Janeiro, faz questão de levar todo mundo para a rua. “Tem muita vida no centro de São Paulo. Muitas vezes, o próprio paulistano não consegue enxergar isso”, diz. Celia, que é apaixonada por arquitetura, descobriu na internet um grupo de arquitetos que fazem passeios guiados pela cidade. “Eu sempre gostei muito de ler, então sempre buscava conhecer a história dos prédios e depois ir fotografá-los. Agora, com esse grupo, posso explorar mais lugares e registrá-los com meu celular”, conta.

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Para Celia, a arte faz parte do dia a dia. Ou, pelo menos, deveria fazer. “O nosso bem-estar precisa da arte. É preciso olhar pra cidade com um cuidado, existe muita coisa acontecendo. Eu fico imensamente feliz em ver que o centro de São Paulo está sendo ocupado e revitalizado. É triste ver que algumas pessoas não se interessam por algo que hoje é tão acessível”, declara.

Choque de cultura

Fundada em 2014, a Galeria Choque Cultural é uma das principais referências globais em arte urbana e novas linguagens contemporâneas, apresentando jovens artistas ao lado de nomes já consagrados e internacionais. Em 2016, o grupo criou o projeto de intervenção APRAÇA. Em um pequeno espaço triangular localizado entre as ruas Aspicuelta e Simpatia, na região da Vila Madalena, o projeto permanente contou com o apoio de diversos artistas. Dentre eles, Ale Jordão, artista visual que produziu um mobiliário de metal que serve de playground para crianças e descanso para quem passa pelo local.

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Projeto do Choque Cultural busca reconectar as pessoas com o bairro, por meio de um espaço aconchegante onde é possível até carregar o celular (APRAÇA/Divulgação)

A instalação funciona à noite, com luzes de LED alimentadas por energia solar programadas para criar sensação de movimento. Há também um dispositivo com saídas USB para que os visitantes da praça possam recarregar seus celulares. “É uma alternativa de espaço de convivência e conexão das pessoas. São procedimentos simples que transformam a vida da vizinhança. Um local abandonado transforma-se num lugar de encontros e vivências artísticas”, explica o curador do projeto, Baixo Ribeiro.

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Criado em 1996 por arquitetos e artistas antenados com a mídia, o Coletivo BijaRi desenvolve diversos trabalhos nas áreas de artes visuais, design e vídeo. Em mais de 20 anos desde o seu surgimento, muitos são os projetos e as intervenções urbanas que se destacam. Dentre eles, Conjunto Vazio — projeto colaborativo que buscou identificar imóveis vazios no centro de São Paulo com potencial para instalação de equipamentos culturais.

Em 2013, foi feito um mapeamento transmídia dos espaços e edifícios desocupados do Vale do Anhangabaú e arredores. O trabalho foi realizado por meio de iluminação de espaços, produção de mapas/cartazes, hotsite com mapa colaborativo e distribuição de impressos. “Pensamos em como ocupar esses espaços à noite e como isso poderia melhorar [a vida da população] durante o dia, já que o lugar recebe uma grande movimentação de pessoas. Resolvemos criar uma faísca nesses lugares para a população se perguntar que lugar era aquele e por que estava iluminado”, conta Rodrigo Araújo, arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e um dos integrantes do BijaRi.

Novas cores de São Paulo

Desde que fez parte de uma residência artística de 45 dias em São Paulo, o argentino Tec resolveu morar e ocupar a cidade com sua arte. Na ocasião, ele fez parte da maior exposição de arte urbana já feita na América Latina, a mostra “De Dentro e De Fora”, realizada em 2011 no Museu de Arte de São Paulo.

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O artista argentino Tec usa o asfalto da cidade como tela para suas intervenções (Tec/Divulgação)
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Ao perceber a falta de espaço nas paredes da metrópole, o artista resolveu criar, a partir de um problema, a solução para expressar e conectar o seu trabalho com a cidade: começou então, a fazer sua arte no chão. “Procuro explorar a ambiguidade dos espaços públicos e privados da arte, usando métodos diversos”, conta.

O artista inovou e ampliou o cenário da arte urbana com seus desenhos gigantes pintados no asfalto, fazendo uso da perspectiva à distância. Para registrar esses trabalhos, mapeando o circuito de sua produção, Tec filma e captura as imagens com uma câmera acoplada a um drone.Somos Todos Caveira.

Ainda criança, Leandro aprendeu as técnicas de bordado e crochê com sua mãe. Nas férias escolares, a casa da avó também servia de espaço para aprimorar o que até então era um hobby. Há três anos, o artista recorreu à memória afetiva para voltar às linhas e agulhas. Em uma mudança, sua mãe resolveu visitá-lo para ajudar com as caixas e começaram, juntos, a costurar. “Eu e meu irmão fomos morar juntos, e minha mãe quis ficar com a gente, foi meio que terapia em família. A gente sentava e ficava fazendo crochê, conversando. Foi uma forma de conexão”, conta.

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Projeto Somos Todos Caveira presenteia São Paulo com novas cores (Somos Todos Caveira/Divulgação)

Em conversa com algumas galerias, Leandro notou que era importante deixar o seu trabalho acessível e encontrou, nas ruas, uma forma disso acontecer. “O artista tem que ser inovador. Eu poderia ser mais um artista fazendo grafite, fazendo um desenho bonito em um muro. Mas eu queria mais. Penso nas caveiras como um presente para a cidade”, diz Leandro.

O projeto, que começou em São Paulo, já chegou em diversas cidades do Brasil e até no México. “É um projeto do mundo. A minha ideia é carregá-lo para onde eu for”, revela.

Agora é com você! Conhece ou acompanha algum projeto de arte urbana? Compartilhe com a gente em suas redes sociais usando a hashtag #hellocidades e convide outras pessoas para experimentar olhares e sensações diferentes na cidade! São Paulo está em hellomoto.com.br.

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