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“Estou na fase de consolidar a carreira de atriz”, diz Lívian Aragão

Em cartaz no musical 'Iron — O Homem da Máscara de Ferro', filha de Renato Aragão fala sobre a relação com o pai e a rotina em São Paulo

Por Júlia Rodrigues
1 set 2023, 06h00
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  • Aos 24 anos, Lívian Aragão, filha caçula de Renato Aragão, conhecido por interpretar Didi em Os Trapalhões e outros programas, tem acumulado funções: além de atriz, ofício com o qual teve o primeiro contato literalmente no berço — estreou nas telas ao lado do pai aos 8 meses —, ela é influenciadora (tem quase 6 milhões de seguidores nas redes sociais), apresentadora e empresária. Após quase dez anos longe dos palcos, a jovem carioca está em cartaz em São Paulo com o musical imersivo Iron — O Homem da Máscara de Ferro, no 033 Rooftop, no Teatro Santander.

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    O espetáculo retoma a clássica história do herói aprisionado e Lívian interpreta Jean-Baptiste Lully, maestro do rei francês Luís XIV. Mas, como boa parte dos personagens, o músico ganha ares modernos e é retratado como uma pessoa não binária. Em março, Lívian lançou também um podcast de entrevistas. Na próxima semana, participa do festival The Town, como influenciadora e repórter convidada.

    Iron — O Homem da Máscara de Ferro é o segundo musical da sua carreira. O primeiro foi Os Saltimbancos Trapalhões (2014), de Charles Möeller e Claudio Botelho, no qual contracenou com seu pai. Como é voltar ao teatro após quase dez anos?

    É muito gostoso. Quando a gente trabalha com audiovisual ou teatro, emenda um projeto no outro (nos últimos anos, entre outros papéis, atuou em Malhação, Tempo de Amar e no filme Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood). Você pisca e já se passaram dez anos. É muito legal voltar em um musical que tem uma proposta completamente diferente e em outra cidade.

    O que achou da adaptação do personagem a uma pessoa não binária?

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    O musical vem de uma história antiga, que não se sabe se é verdadeira ou não, escrita por Alexandre Dumas. Trouxemos a história para a modernidade, inclusive na caracterização dos personagens. No caso do meu, era uma figura importante na época, que até tomava decisões no palácio. Quis fazer uma homenagem ao retratá-lo de uma forma que acho que ele gostaria de ter sido, mas que na época não se falava muito sobre isso, por isso o fizemos como uma pessoa não binária. Gostei muito da adaptação.

    Você se mudou para São Paulo para fazer a peça. O que gosta e o que não gosta na cidade?

    Estou bem adaptada, porque sou muito acelerada, gosto de fazer as coisas acontecerem. Os pontos negativos são apenas o trânsito, a barulheira e as obras.

    Suas principais produções, na televisão e no cinema, foram estreladas junto ao seu pai. Como lida com a questão? Se preocupa em desvencilhar a carreira pessoal da imagem dele?

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    Meu pai sempre vai ser o meu pai. Tenho muito orgulho dele e da trajetória dele. Sei que nossas vidas sempre estarão juntas, mas isso não quer dizer que eu viva a vida dele ou ele, a minha. Claro que tenho o suporte dele, como pai e mestre. Mas tento trilhar meu próprio caminho, pois estou na fase de consolidar a carreira de atriz.

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    Você estreou como atriz em 1999, aos 8 meses, no filme O Trapalhão e a Luz Azul. Qual é o lado bom e o lado difícil de crescer sob os holofotes?

    Como nasci sob os holofotes, não tive escolha de não estar ali. Sempre foi uma coisa muito normal. Entendo que, por ser conhecida, preciso tomar cuidado com certas coisas. Meus pais sempre me explicaram como é ter uma vida mais exposta. Qualquer coisa que a gente fale ou poste pode afetar outras pessoas. Entendo essa responsabilidade, que tenho desde pequena.

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    Enquanto você crescia, sentia uma cobrança ou uma expectativa para que se tornasse artista ou tivesse talento?

    Não. Sempre fui com meu pai às gravações, tinha curiosidade de saber do que se tratava a ponto de pedir para estar junto. Foi tudo natural. É difícil para os pais quando o filho segue a mesma profissão, eles já imaginam as dificuldades pelas quais terão de passar. Mas tive a inspiração em casa, então foi natural. Nunca foi pressão, mas inspiração.

    Em março, você estreou o podcast Vibe Boa. O que ele tem para se diferenciar neste momento em que tantos programas do tipo são lançados?

    É um podcast que não tem polêmica. Nunca vou chamar um convidado e obrigá-lo a falar sobre determinado assunto. Algo muito positivo na minha família é que adoramos conversar e, quando chamamos alguém para tomar um café em casa, a reunião começa às 10 da manhã e termina às 10 da noite. Gosto de conversar com as pessoas, saber mais sobre elas. Por isso o nome é Vibe Boa.

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    O Renato Aragão conseguia conciliar vida de estrela e rotina em casa?

    Ele foi sempre muito presente. Durante o dia, estava em gravações, mas sempre jantava com a família. Nunca deixou de me prestigiar nos momentos importantes, largava o que estivesse fazendo para me ver nessas ocasiões. Ele gravava de três a quatro vezes por semana e, se eu tinha apresentação na escola, saía mais cedo para me assistir. Sempre foi um pai carinhoso.

    Você fez vários cursos de atuação e direção nos EUA. Por que escolheu estudar isso por lá?

    Estudei em colégio bilíngue, então o inglês é quase uma língua nativa. Ir para os Estados Unidos era um desejo. Aos 12 anos, entrei no Stagedoor Manor (centro de treinamento no estado de Nova York). Era a única brasileira na turma, tive de esperar dois anos na fila. Saí com um prêmio de melhor atriz em cena dramática, o que me tirou qualquer dúvida de que eu não fosse capaz. Estava em um país no qual as pessoas me conheciam apenas pelo trabalho. Foi o pontapé. Depois estudei na New York Film Academy, em Los Angeles, e na Stella Adler Studio of Acting — lá são dois anos de curso, sem folgas nos fins de semana.

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    Você tem uma empresa, a LVA Produções, que faz publicidade, agenciamento etc. No futuro, se vê mais como empresária ou artista?

    As duas coisas andam lado a lado. Quando consigo produzir meus trabalhos, sou tanto produtora quanto atriz. Antigamente, as pessoas tinham o costume de colocar os artistas em uma “caixinha”. Hoje, tenho a liberdade de assumir várias funções.

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    Publicado em VEJA São Paulo de 1º de setembro de 2023, edição nº 2857

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