De onde vem a coragem para interpretar Elis Regina, considerada por muitos a nossa maior cantora? Acho que a confiança transmitida pelo Dennis Carvalho como diretor me deu segurança. Mas, desde o início dos testes, encarei a possibilidade com muita despretensão. Estava envolvida com outro espetáculo, Gonzagão, a Lenda. Sou soprano, Elis era contralto. Também n��o tenho a cara dela. Sou ruiva de olho azul. Era improvável ganhar o papel. Fui apanhada de surpresa.
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Quais foram suas referências? Sou uma atriz, então não queria me tornar uma fotografia da Elis. Procurei encontrá-la à minha maneira. Vi muitos vídeos, estudei várias coisas, mas a maior inspiração veio da minha mãe. Franqueza e autenticidade eram marcas muito fortes de Elis. E não conheço ninguém mais franco e autêntico que a minha mãe. Ela fala tudo o que pensa o tempo inteiro; chega a dar medo. E fui recuperando minhas memórias. A primeira vez que vi minha mãe chorando foi com a gravação da Elis para Meio-Termo. Em casa, na Bahia, ouvi muita música.
Então se tornou fã da Elis bem cedo? Não. Nunca fui fanática. Elis é uma das tantas grandes cantoras que ouço e curto desde menina, como Maria Bethânia, Cida Moreira e a Bibi Ferreira. A Elis sempre passou essa ideia de querer ser a maior, não? Mas no fundo ela sabia que ninguém era maior que ninguém. Não dá para pensar que Ella Fitzgerald ou Sarah Vaughan eram menores.