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Guarda real

Ele resiste a ventos de até 60 quiômetros e protege as coroas do Palácio de Buckingham

Por Amanda Maia
Atualizado em 5 dez 2016, 16h38 - Publicado em 13 nov 2012, 12h43
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  • Num território onde chove cerca de 180 dias por ano, quem faz trench coats e guarda-chuvas da melhor qualidade é rei. É o caso do Reino Unido, cujo mercado de impermeáveis cresceu 5 000% entre 2010 e 2011, segundo relatório anual da empresa de cartão de crédito Visa. Enquanto as inglesas Burberry e Aquascutum disputam a autoria das capas bege que defenderam o Exército do mau tempo nas trincheiras da I Guerra Mundial, no caso dos guarda-chuvas uma marca governa soberan aaté sobre as cabeças coroadas da monarquia britânica. Para garantir o trono, a Fulton usou os índices pluviométricos a seu favor. O produto desse conhecimento é o Birdcage, proteção favorita da rainha Elizabeth II toda vez que o tempo fecha em Londres. O acessório de vinil, cujo nome significa gaiola, foi criado nos anos 1960 pelo engenheiro mecânico polonês Arnold Fulton. Na época, ele trabalhava num quarto e sala no leste da capital inglesa. Com dois ajudantes, produzia 150 “gaiolas” por semana. Para se destacar da concorrência (oitenta fabriquetas só na região central da cidade), Fulton fez valer o diploma.

    Projetou um modelo com dez hastes flexíveis, que permitem o abre-e-fecha — duas a mais do que na estrutura tradicional. O acréscimo tornou o guarda-chuva mais resistente. Nem o vento, cujas rajadas atingem até 60 quilômetros por hora no inverno londrino, conseguia virá-lo do avesso. Junto com o formato (89 centímetros de diâmetro, cerca de 30 a menos do que os pretinhos básicos), foi o que garantiu o espaço de Fulton. Com o tempo, a invenção foi aperfeiçoada. Antes de cobre, a armação passou a ser de alumínio com fibra de vidro, que não dobra no vendaval, não enferruja e é considerada leve. Cada Birdcage pesa 500 gramas, custa 25 dólares e é composto de 300 peças, a maioria patenteada. Entre elas, o glide (abridor), que, garante o fabricante, desliza sem emperrar nem machucar os dedos. Para dar conta da demanda — 4 milhões de unidades vendidas por ano só no Reino Unido, 25% do mercado local —, a marca transferiu a fábrica para Hong Kong. Duas vezes por ano renova, com o palpite de cinco designers, o visual dos guarda-chuvas. Propostas recentes incluem uma chuva de confetes estampada no vinil e uma salada de frutas tropicais. Nada que faça a cabeça de Elizabeth II. Ela prefere os modelos com o pegador e a faixa na barra coloridos, que costuma encomendar para coordenar com a roupa do dia (em linha, são apenas sete disponíveis). A gaiola a protege por inteiro e ainda permite a visão panorâmica de sua majestade, garantindo o aceno real mesmo sob garoa.

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