À primeira vista, a Feira do Vestido de Festa pode causar tontura em quem busca roupas para um casamento ou formatura. A loja fica no Bom Retiro, tem 700 metros quadrados e é dividida em cinco estabelecimentos: três para vestidos longos de diferentes faixas de preço (280 a 750 reais, 700 a 1 400 reais e 1 000 a 4 000 reais), um para curtos e um outlet.
Tem mais de 30 000 peças organizadas por cor e tamanho que vão do manequim 36 ao 56. A variedade é o segredo, segundo o dono, Kenneth Fox, de 67 anos, um senhor inglês que se mudou para o Brasil com a família quando criança. “Por semana chegam mais de 500 vestidos”, calcula. “Queremos agradar todas as mulheres.”
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Fox virou expert nos negócios quando era dono de uma boutique para noivas na Rua São Caetano, na Luz. “As peças eram feitas a mão, sob encomenda. Desenhávamos o vestido e a confecção se mostrava demorada”, lembra. Após trinta anos de funcionamento, perdeu espaço para as locadoras de roupas e concorrentes que vendiam vestidos prontos, importados e a preços baixos.
Abandonou o mercado de noivas e focou nos convidados. Em 2006, com ajuda dos quatro filhos, inaugurou o novo empreendimento, inicialmente com apenas um dos cinco estabelecimentos, abastecido por mais de setenta fornecedores.
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Assim que o cliente entra na Feira, uma atendente pergunta seu nome, anota-o em uma lista e aponta para banquinhos de espera. Ninguém pode circular entre as araras sem uma vendedora ao lado. O tempo da fila varia bastante. Na unidade de faixa de preços a partir de 1 000 reais, o atendimento foi imediato. Estava quase deserta quando a reportagem a visitou, em uma véspera de um feriado, na segunda (20).
Como em todas as outras lojas, a atendente pergunta a ocasião e cor de preferência. Se a visitante pretende ir a um casamento ou formatura, anota o nome dos noivos ou do formando. “Para evitar que alguém apareça com a roupa igual no evento”, diz.
Na vitrine, já é possível ter uma noção das tendências entre quem está disposto a gastar mais. As roupas são importadas da China e dos Estados Unidos e a maioria aparece coberta por pedrarias, pérolas, rendas e paetês (algumas com todas as opções). “Muito, muuito brilho está na moda”, garantiu uma vendedora.
Nos vestidos de 700 a 1 400 reais, a renda é a grande atração. O tempo de espera foi de dez minutos. Depois de escolher as peças, o cliente é levado para os provadores, no fundo do local. A atendente entra no cubículo e ajuda a pessoa a se vestir. A princípio, parece desnecessário (e constrangedor), mas os longos são pesados, cheios de zíperes e laços.
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“Você quer ir à passarela?”, perguntou, referindo-se ao pequeno palco presente em todas as lojas, bem iluminados e cercados de espelhos. Algumas mulheres desfilam à la São Paulo Fashion Week para seus pacientes acompanhantes.
Na loja com itens entre 280 e 750 reais, destacam-se bordados e lantejoulas. É possível encontrar também peças lisas e básicas, interessantes para as mais discretas.
O comércio dos vestidos curtos reúne diversos preços e tem modelos de comprimento mini e até o joelho. Curiosamente, a peça mais cara é um tubinho cinza, sem brilhos. Custa 3 000 reais. Passaria despercebido entre outros cheios de bordados e tecidos transparentes que imitam pele.
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A última entrada da Feira leva ao outlet. De longe, é o setor mais disputado. O tempo de espera pode passar dos trinta minutos. A loja é a menor entre as cinco e reúne vestidos de coleções passadas pela metade do preço. Até quem não tem festa marcada, fica tentado a garimpar.