Fanáticos por tecnologia sabem o que significa adquirir uma televisão ultrafina, telefones de última geração e sistema de iluminação integrado: o futuro ainda não se livrou de forma total dos inconvenientes rastros do passado, a exemplo de quilômetros de fios. “É uma confusão”, diz o engenheiro Brian Bjørn Hansen, da Bang & Olufsen (B&O), empresa dinamarquesa conhecida pelos equipamentos audiovisuais que parecem objetos de arte.
O profissional é o chefe do departamento da companhia encarregado de estudar formas de simplificar a vida dos usuários. A mais nova A coleção The Love Affair: versões das TVs de 85 polegadas e das caixas de som BeoLab 18, entre outros produtos, na cor ouro rosa engenhoca da equipe de Hansen é o BeoLink Gateway. Um clique no controle-remoto liga a TV. Na tela, um menu oferece a opção de ajustar o som de alto-falantes externos, fechar as cortinas, visualizar as imagens da câmera de segurança ou espiar o quarto do bebê. O mesmo comando liga a máquina de café ou fecha a porta da garagem.
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Esse supermódulo de integração é um dos componentes que, de tempos em tempos, saem dos laboratórios da marca em Struer, cidade de 23 000 habitantes no interior da Dinamarca. Foi ali que os amigos Peter Bang e Svend Olufsen criaram a companhia, em 1925. O sótão da fazenda dos pais de Olufsen se transformou na oficina onde Bang faria as primeiras experiências, enquanto o parceiro se dedicava aos negócios. A trajetória dos engenheiros é descrita no museu local, que abriga invenções como rádios que funcionavam com corrente elétrica (quando os outros precisavam de bateria), vitrolas e televisões. Além de demonstrar a evolução técnica da dupla, cada peça revela a obsessão com o desenho, marcado por referências da escola alemã Bauhaus.
Essa influência, aliada à necessidade de industrializar a manufatura, utilizando materiais como plástico no lugar de madeira, resultou num ícone do design local, o rádio Beolit, parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. O pioneirismo de Bang e Olufsen, à frente da empresa até os anos 50, contribuiu para consolidar a Dinamarca como referência em design. “Temos uma vida chata”, diz Marie Kristine Schmidt, vice-presidente da B&O. “Passamos muito tempo dentro de casa com a família e os amigos. Por isso, sabemos a importância de um ambiente bem equipado.”
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No prédio de concreto, ferro e vidro da empresa saem as ideias que serão executadas na fábrica. Montados, televisões, fones de ouvido e caixas de som são levados para testes numa área apelidada de “câmara de tortura”. Ali, são chacoalhados dentro de uma caixa por três horas, atirados de uma altura de 2 metros e expostos a temperaturas extremas, entre outras coisas. Depois, vem a prova de qualidade. Um engenheiro fica horas dentro de um cubo de 30 metros de altura mapeando graves e agudos até chegar ao som perfeito.
Outros profissionais trabalham em engenhocas que só chegarão ao nosso lar dentro de alguns anos, caso da linha que desenvolve estímulos sensoriais, como a possibilidade de alterar o volume da TV com um leve toque na superfície do aparelho. Outra aposta é o BeoSound Moment. Dotado de um programa inteligente, ele classifica as músicas de acordo com o humor da família: azul (tranquilizante), vermelho (festa), amarelo (momento para canções energizantes). Quem sabe, na casa do futuro, bastará um piscar de olhos para que tudo comece a funcionar.