Para alguns fãs da boa mesa, não basta provar o prato de um chef — o recipiente precisa ser levado para o conforto do lar. É cada vez mais comum encontrar em lojas de produtos para casa e decoração louças e outros utensílios (que podem ou não ser utilizados nos restaurantes) que os profissionais dos fogões têm posto no mercado junto das marcas especializadas. Premiada como personalidade gastronômica pelo guia COMER & BEBER 2022, Carla Pernambuco, do Carlota, lançou, em março, uma coleção de 48 peças com a rede Westwing, dona de três lojas na Grande São Paulo, além do e-commerce.
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São itens como manteigueira, boleira, porta-ovo, aventais e até almofadas, tudo adornado com ilustrações da artista Julia Danesi, a caçula da chef, que traçou decalques e bordados na forma de flores, frutas, corações, ursos e cogumelos. “É uma mistura de summer of love em San Francisco (símbolo do movimento hippie) com casa de vó”, define Carla. “O bule foi o primeiro a esgotar”, festeja.
“Parcerias e colaborações, no geral, nos ajudam com awareness (consciência de marca) e o posicionamento de marca”, acredita Renato Grego, CMO da Westwing Brasil. “Seguimos mapeando oportunidades e nutrindo relacionamento com diversos nomes do setor e, em breve, traremos novidades.”
Queridinha de muitos cozinheiros e donos de restaurantes, a Olaria Paulistana entrou também no mundo dos licenciamentos. Com elaboração artesanal de cerâmicas e um alcance menor que as grandes cadeias de lojas, viu a parcela da clientela que curte usar suas louças em casa (e não só em estabelecimentos) crescer durante a pandemia. É esse consumidor final, sobretudo, que a fábrica-loja da Vila Madalena mirou ao lançar, em março, a linha de Bela Gil, chef revelação no COMER & BEBER 2021.
A cozinheira, que já assinava as louças da Olaria Paulistana para usá-las em seu restaurante, o Camélia Òdòdó, agora contempla o público que as desejava ter na sala de jantar com dezoito peças, como tigelas e canecas — já virou hit o risotinho, pequeno prato fundo cobiçado principalmente na cor rosa.
No processo criativo, os mestres-cucas trazem as necessidades, e a ceramista Lucia Eid, à frente da marca, mostra a solução. “Ter a assinatura de um chef é como se o profissional validasse o meu trabalho, e, para ele, há uma exposição, além de estar ganhando royalties”, explica.
Os próximos lançamentos prometidos são as coleções com Carla Pernambuco (olha ela aí de novo), Helô Bacellar e Lucas Corazza, provavelmente para o segundo semestre. “A ideia é que minhas louças tenham funcionalidade dupla”, planeja o confeiteiro Corazza, no time do programa Que Seja Doce (GNT). “A boleira, por exemplo, minha ideia é que possa ser também uma saladeira.”
Nesse mesmo esquema colaborativo, a confeiteira Raíza Costa, do Rainha da Cocada (GNT), estreou em julho uma linha com a Tok&Stok. São utensílios que vão de escorredor de macarrão à lata de guardar receitas. Antes, em 2018, a restauratrice Renata Vanzetto, de endereços como o Ema e o MeGusta, nos Jardins, ajudou a desbravar esse filão com pratos, bowls & cia. em colaboração com a loja Così Home.
E o chef Carlos Bertolazzi, do restaurante Zena Cucina e do bar Il Covo, também nos Jardins, é outro que aposta nesse filão há tempos. Desde 2019, assina uma coleção da Porto Brasil, que não para de receber novidades. As mais recentes foram as linhas Ferrum, de pratos escuros, e Concreto, a versão clara. A peculiaridade é que o portfólio, de louças mais resistentes, tem como foco central os restaurantes, onde o uso é constante. “Há um baixo índice de quebra”, garante Bertolazzi. “Apesar disso, são lindos para casa, e obviamente fazem muito sucesso também”, completa ele, enumerando os sites que vendem os produtos, no maior estilo garoto-propaganda.