A Chácara Flora acaba de receber a visita inusitada de um monstro japonês. É o Godzilla, réptil de sucesso desde seu lançamento, em 1954. O bichão é tema do restaurante expresso Eat Asia, aberto no mês passado, com o ambiente que tenta parecer uma cidade japonesa, com quadros, papéis de parede e telhados sobre algumas das mesas.
Essa é a mais nova unidade dessa pequena rede de fast food de pegada asiática, que tem cardápios nos quais convivem pratos queridinhos das culinárias japonesa e chinesa, como guioza, yakissoba e sushi, e a dupla infalível hambúrguer-com-batata-frita.
Outro endereço do grupo, o Eat Asia + Hello Kitty, aberto em dezembro de 2019 na Liberdade, também é temático. Tudo gira em torno da icônica gatinha criada pela empresa japonesa Sanrio.
Se na lanchonete do Godzilla vemos pão de mel na forma de pata e bolo com glacê azul-turquesa vibrante — a cor do raio destruidor do monstro —, no da felina há macarons nos quais se estampam o rosto da protagonista e confeitos no formato do lacinho cor-de-rosa. E é raro encontrar o boneco em tamanho humano da gata desacompanhado de alguém tirando uma selfie (no ponto do Godzilla, porém, não há nem sinal do monstro “em pessoa”, o que é uma pena).
“Trazer personagens às casas agrega cerca de 20% ao faturamento da loja, quando comparadas à não licenciada”, calcula o sócio Henry Nakaya, que comanda o grupo com Ricardo Fan e montou o primeiro Eat Asia em março de 2019, também na Liberdade (essa unidade não é totalmente licenciada, mas conta hoje com espaços dedicados ao Godzilla e à Hello Kitty, além dos respectivos cardápios especiais).
Embora a comida não seja, exatamente, o foco dos endereços, a “experiência” tem atraído o público. Passam pelo trio de lojas — as duas primeiras, próprias, e a mais recente, franquia — cerca de 3 000 clientes por mês, com o faturamento de 1,7 milhão de reais mensais. O investimento chegou a 2,5 milhões de reais no caso de cada um dos restaurantes da Liberdade e ficou em torno de 800 000 reais no caso do estabelecimento da Zona Sul.
Não entram nesse montante o valor do licenciamento do uso dos personagens, que deve ser renegociado a cada dois ou três anos com os detentores das marcas. O contrato implica um pagamento, a cada renovação, que pode variar de 50 000 a 100 000 reais. Também são cobrados royalties sobre todos os produtos vendidos nos espaços, cerca de 10% da receita. Em março, mais um endereço chegará à Liberdade, também da Hello Kitty, mas no formato 2D, aquele com paredes, mobiliários e louças pintados de forma que pareçam um cartum.
Em abril, a rede dará mais um passo, com a estreia no ABC: uma casa com temática de Hello Kitty e Godzilla, juntos, no Gran Plaza em Santo André. “Esses personagens têm um apelo intergeracional, que passa de avó para filha e depois para neta”, explica Nakaya. O empresário conta um pouco sobre a variação dos frequentadores nas lojas. “Na unidade dedicada à Hello Kitty, os clientes são predominantemente mulheres e pessoas da comunidade queer. A do Godzilla atrai mais um público masculino”, garante.
Eat Asia. Praça da Liberdade, 145, Liberdade, telefone 3132-0668 (120 lugares). Tem acessibilidade
Eat Asia + Hello Kitty. Rua Thomaz Gonzaga, 61, Liberdade, telefone 3132-5233 (82 lugares)
Eat Asia – Godzilla. Rua Molière, 198, loja 1, Chácara Flora Flora, telefone 5522-0019, (32 lugares). Tem acessibilidade.
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de fevereiro de 2023, edição nº 2829