Seja na pele de Bruna Surfistinha, seja como Natalie, de “Insensato Coração”, Deborah Secco se destaca. Às vésperas da estreia do longa nos cinemas, prevista para esta sexta (25), e sem muita trégua das gravações da novela das oito, a atriz conversou com VEJA SÃO PAULO sobre a carreira, astrologia e até Oscar.
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Bruna Surfistinha lhe ensinou alguma lição?
Deborah Secco — A principal foi não julgar as pessoas. Entender que, às vezes, o que é errado para mim é o melhor que aquela pessoa consegue fazer. Ninguém é como quer, mas como consegue ser. Acho que essa é a grande frase que hoje faz parte da minha vida.
O nome do livro em que se baseia o filme é “O Doce Veneno do Escorpião”, por conta do signo de Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha original. E qual é o doce veneno de Sagitário, seu signo?
Deborah Secco — Não sei (risos). Eu não sou muito ligada a signos, acho que os sagitarianos são determinados. Tenho muito do meu ascendente, Câncer, essa coisa família, mais caseira. E tenho um pouco da Lua em Peixes, o lado sonhador. É uma bela mistura.
Mas então você é ligada à astrologia?
Deborah Secco — Sei essas coisas porque meu tio, irmão da minha mãe, fez meu mapa astral. Ele é um expert no assunto, então eu tento acreditar nas coisas que ele fala. Quando ele leu o mapa para mim, percebi que tinha a ver.
Se você fosse entrevistar Bruna Surfistinha, que pergunta não deixaria de fazer?
Deborah Secco — Não sei. Talvez eu já conheça todas as respostas, por isso não tenho curiosidade alguma. O grande desafio da composição de uma personagem é descobrir todos os porquês, a razão de cada atitude, de cada sentimento. Por isso, não teria vontade de fazer nenhuma pergunta.
Seu papel mais lembrado no cinema é o de Soraya, de “Meu Tio Matou um Cara”, um papel cômico. Em “Bruna Surfistinha” há momentos em que foi possível explorar a comédia?
Deborah Secco — Acho que a gente tenta oscilar um pouco. Nem tanto com a minha personagem, mas a história às vezes passa pelo engraçado com a Janine (Fabíula Nascimento). Acho que o próprio drama das meninas ao terem que encarar um cara cheio de talco, na cena do Caso Polvilho, acabou até divertido.
No filme, há momentos tão constrangedores quanto o que aconteceu com a sua personagem Natalie, quando ofereceram a ela dinheiro para fazer um programa?
Deborah Secco — Não tão constrangedores porque a Bruna se propunha a isso. Então o que para a Natalie é muito constrangedor e ofensivo, para a Bruna é uma opção, uma coisa que não ofende. Ela escolheu isso para ela. As personalidades são completamente opostas, o que faz um mesmo fato ter conotações diferentes.
Por falar na Natalie, as comparações entre ela e a Darlene, de “Celebridade”, cansam você?
Deborah Secco — Eu não leio muito, talvez por isso não me canse. Tenho 23 anos de carreira, fiz 15 novelas e oito minisséries. Dizer que nenhum papel vai esbarrar em outro é impossível. Como eu acredito que na novela também existam outros atores fazendo personagens parecidos com outras coisas que eles já fizeram. Mas é bom que a Darlene seja tão lembrada, fico lisonjeada de saber que é uma personagem eternizada. Até porque eu vejo claramente na novela outros atores fazendo personagens parecidos com outros que já interpretaram, mas que não são tão lembrados quanto a Darlene.
Você tem algum exemplo?
Deborah Secco — Prefiro não citar (risos).
Um papel como Bruna Surfistinha deve ter deixado os editores de revistas masculinas doidos por mais um ensaio seu. Alguma chance de eles conseguirem?
Deborah Secco — Não, nenhuma. Nenhuma.
Para você, o que faz uma mulher ser sensual? E um homem?
Deborah Secco — Eu acho que a maior sensualidade está no olhar. Adoro a maneira como um homem me olha, o que ele passa para mim através do olhar. Isso também funciona para as mulheres. As pessoas banalizam a sensualidade e acabam preferindo partes do corpo que não o olho… Eu sou mais o olho.
Para viver Bruna Surfistinha, você engordou. Foi difícil emagrecer para interpretar Natalie?
Deborah Secco — Sempre tive facilidade para emagrecer. Para engordar foi bastante difícil porque eu já não me alimentava bem, então tive que aumentar a quantidade. Comia de passar mal, de ficar estufada, porque eu não tinha uma alimentação saudável. Ao invés de comer um pão no café da manhã, comia oito. A meta era ganhar dez quilos em um mês, mas não consegui. Ganhei oito quilos em um mês e o restante eu engordei durante as filmagens.
Quem são seus ídolos na profissão?
Deborah Secco — O diretor Stanley Kubrick é o grande mestre do cinema. Um cara que consegue fazer um romance ou um terror com a mesma qualidade. Em relação aos atores, são muitos. A Meryl Streep é o nome feminino mais forte. De homens eu tenho uma lista enorme: Denzel Washington, Al Pacino, Robert DeNiro, Kevin Spacey, Dustin Hoffman…
Como é sua relação com os paparazzi?
Deborah Secco — Tento entender que é o trabalho deles. Acredito que nenhum deles goste de ficar atrás de mim (risos). Todo mundo tem que trabalhar, a vida não é fácil para ninguém. Tenho certeza de que não é uma opção. A gente é o que consegue ser. Tento respeitar o trabalho deles até o meu limite, até onde não me faça mal.
Você assistiu a algum dos filmes que concorre ao Oscar?
Deborah Secco — Só vi “Cisne Negro”.
O que achou?
Deborah Secco — Incrível! Chorei loucamente. Acho que muito do que aquela personagem vive foi o meu processo de criação para “Bruna Surfistinha”. Tive uma enorme identificação.
Você acha que conseguiu chegar perto do desempenho da Natalie Portman no filme?
Deborah Secco — Ah, quem dera (risos). Espero que eu tenha feito o meu melhor. É muito difícil se comparar com outra pessoa. Com certeza, ela fez o melhor que pôde e o resultado é fantástico, admirável.