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Marina Sena volta às raízes em novo disco: “Busquei a inocência do começo”

A artista mineira resgata sua relação com a música em 'Coisas Naturais', seu trabalho de maior diversidade sonora até então; confira a entrevista

Por Tomás Novaes
Atualizado em 1 abr 2025, 12h43 - Publicado em 1 abr 2025, 12h17
Marina Sena lança 'Coisas Naturais': terceiro disco solo
Marina Sena lança 'Coisas Naturais': terceiro disco solo (Gabriela Schmdt/Divulgação)
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Marina Sena acaba de lançar, na noite desta segunda-feira (31), o seu mais novo disco: Coisas Naturais (2025).

É o terceiro álbum da carreira solo da cantora mineira, alçada ao sucesso nacional com sua impactante estreia solo, De Primeira (2021), e a sequência noturna, Vício Inerente (2023). Em comparação com esses trabalhos anteriores, o novo disco é o mais musicalmente diverso, com uma paleta sonora que passa pelo pop-rock, o funk, a MPB e o reggaeton.

E o nível segue alto. Marina tem uma originalidade rara no patamar de maior visibilidade da música brasileira atual, não só pelo timbre da voz. Como compositora, tem uma marca própria que sempre gera bons frutos, e o mesmo se repete na safra de Coisas Naturais. Destaque especial para as faixas AnjoOuro de Tolo.

A bela capa do disco: álbum mais diverso musicalmente da artista mineira
A bela capa do disco: álbum mais diverso musicalmente da artista mineira (Gabriela Schmdt/Divulgação)

Antes de se tornar uma popstar, Marina já mostrava seu talento na cena MPB-alternativa de Minas Gerais, como vocalista d’A Outra Banda da Lua. A entrada no pop começou ainda com outro projeto, o grupo Rosa Neon, que emplacou o primeiro grande hit na sua voz: a música Ombrim.

Quatro anos depois do seu primeiro passo solo, tendo emplacado sucessos como Por Supuesto, Dano Sarrada e a recente Escada do Prédio (com Pedro Sampaio), Marina volta às raízes no processo criativo deste lançamento.

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A nova fase já tem data de estreia nos palcos: dia 26, no Espaço Unimed, em São Paulo. Confira todos os detalhes dessa novidade a seguir, na entrevista da cantora à Vejinha.

Coisas Naturais é o terceiro capítulo da sua carreira solo. Qual o tema dessa nova fase?

Senti a necessidade de retomar alguns hábitos. Depois de dois discos, precisava de algo a mais para me alimentar criativamente. Eu tinha uma relação muito diária com a música, ficava o tempo todo com o violão, e, depois que as coisas deram bastante certo na minha carreira, minha agenda não permite essa fluidez. Só que eu preciso disso. A música só te engrandece se você realmente fica imerso nela. Pensei que, se eu não retomasse isso, não teria mais criatividade para colocar no mundo. Então convidei dois amigos da Outra Banda da Lua (André Oliva e Matheus Bragança) e Janluska, que produziu o álbum, e fomos para um sítio aqui perto de São Paulo. É algo que sempre sonhei fazer: uma imersão em banda, com vários equipamentos f#d@. Foi ali que a gente começou a compor as novas músicas.

Nesse disco, então, você encontrou uma maneira de se reconectar com as raízes da sua relação com a música?

Exatamente. No De Primeira, foram muitos anos compondo aquelas faixas, algumas fiz com 17 anos, sobre vários momentos da saída da adolescência para a fase adulta, coisas muito íntimas. E a produção musical aconteceu na pandemia, o que leva o som para outro caminho. O Vício Inerente é um álbum mais “rua”, de quando eu vim aqui para São Paulo, com outra estética, outros timbres, brincando com um lugar mais eletrônico, mas sem sair da MPB e do pop. Agora, nesse álbum, eu consegui encaixar essa modernidade com algo mais regional e ancestral. O tempo todo eu faço esse movimento de puxar lá na raiz, na Marininha de Taiobeiras (sua cidade natal). Isso está no meu corpo, na minha pele, no meu espírito. Busquei aquela Marina da Outra Banda da Lua, de quem eu gostava muito. Me sentia muito forte sendo ela, foi a minha época mais destemida, eu não tinha vergonha de expressar qualquer tipo de arte. Tive que buscar a inocência do começo para criar sem tantas afetações do sucesso, o dinheiro, São Paulo.

“Tive que buscar a inocência do começo para criar sem tantas afetações do sucesso, o dinheiro, São Paulo”

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Quero perguntar sobre o seu lado compositora. Algumas faixas do novo disco você começou a compor sozinha, ou todas surgiram em formato banda?

Algumas eu comecei no violão antes, como Numa Ilha, Mágico e Ouro de Tolo. A minha escola musical, dos 18 até os 23 anos, foi a Outra Banda da Lua. A gente se pesquisou muito, tínhamos realmente uma rotina musical. Ensaiávamos seis horas só pelo prazer de tocar e de aprimorar as músicas, até ficarem perfeitas. E, quando não estávamos ensaiando, tínhamos algum instrumento na mão ou colocávamos um álbum para ouvir. O violão do André, apesar de eu não tocar nem 2% do que ele toca, se assemelha muito ao meu paladar musical. Da mesma forma com o Matheus. E agora, com o Janluska, a gente ficou unha e carne, ele respeita muito a identidade do artista. Porque a arte, basicamente, é você acreditar em uma loucura. É você confiar e materializar aquilo, porque antes é só imaginação. Eu componho todas as minhas músicas, e isso garante a minha textura, a minha métrica.

O disco traz algumas participações estrangeiras: a portuguesa Nenny e a banda Çantamarta, além da ítalo-brasileira Gaia. Levar sua música para além do Brasil é um projeto de carreira?

Eu adoraria expandir para fora do Brasil, mas não tenho estratégias de marketing para isso. Essas parcerias foram muito naturais. Por exemplo, o Çantamarta, a gente já se seguia no Instagram, porque eu gostava de uma música deles. Nesse disco eu estava sampleando Zé Coco do Riachão, um ícone norte-mineiro, de Brasília de Minas, uma cidadezinha onde toquei várias vezes. Além de músico, ele produzia os próprios instrumentos, e fez parte da minha construção como artista, o som dele está dentro do meu coração. Sampleando ele, colocando um reggaeton (no que se tornou a música Doçura), comecei a cantar uma música que parecia ser do Çantamarta, então decidi chamar eles. Deu super certo, inclusive eles citam o meu livro favorito na parte deles, que é Cem Anos de Solidão.

E como será essa nova fase no palco? O que você está preparando para a nova turnê?

Sou totalmente showgirl. Muito antes de ir para o estúdio, fiz muitos anos de shows com A Outra Banda da Lua. O palco é realmente uma das partes mais importantes, senão a mais importante do meu trabalho. Estamos preparando uma experiência bem artesanal, como é o disco, a muitas mãos. Para que as pessoas que estão assistindo vejam que são artistas por trás daquele trabalho. A gente quer uma experiência diferente, valorizando muito os momentos, criando atos importantes. Vou ter mais banda do que balé, porque é um show muito de sons orgânicos, mais percussivo.

“A arte, basicamente, é você acreditar em uma loucura. É você confiar e materializar aquilo, porque antes é só imaginação”

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Nesse movimento de voltar às raízes, como está a sua relação com a cidade onde você mora, São Paulo?

Amo São Paulo, tenho muitas oportunidades aqui. Mas gosto de mato, da vida pacata, da cidade pequena. Por isso gosto de passear em outros lugares, mas não pretendo me mudar de São Paulo tão cedo. Só quero dar uma melhorada, morar em uma casa, hoje moro em um apartamento em Higienópolis.

Você tem um programa favorito na cidade, um restaurante, um bar, um cinema?

Ultimamente estou gostando de ver peças, porque lá em no Norte de Minas, em Montes Claros, que é a maior cidade de lá, não tem teatro. Então muitas coisas eu não tive oportunidade de ver e só fui ver aqui. Morei em Belo Horizonte na pandemia, então não tinha como sair. No final de 2021, quando vim para São Paulo, comecei a assistir peças. Fui ver a Vanessa da Mata fazendo a Clara Nunes, eu nunca tinha tido essa experiência de teatro, de ver a cena acontecendo na minha frente, e é muito impactante. Me dava vontade de chorar a todo momento. Mas não sou muito de sair, sou meio caseira, fico muito aqui no meu apartamento ouvindo vinil. De vez em quando vou aqui na Praça Vilaboim.

Marina, me fala sobre a Casa da Música Brasileira. Como nasceu esse projeto?

Eu e Talita (Morais), minha empresária e sócia na casa, compartilhamos de um mesmo raciocínio: cada um tem que fazer a sua parte para aquecer o seu mercado. Se você fortalece a indústria e a classe, você se fortalece também. Como a gente pode dar uma injeção de ânimo no mercado da música para além da minha carreira? A gente sentiu a necessidade de fazer essa casa. Lá tem estúdio de música, estúdio de dança, sala de ensaio, área de eventos para 500 pessoas. Agora a gente vai lançar um edital para a gravação de dois álbuns, mais seis audições de álbuns de novos artistas. A gente vai usar do nosso know-how para convidar pessoas para conhecer esses artistas, impulsionar outras carreiras. Os dois discos são para entregar o material pronto: álbum gravado dentro da casa, com a minha direção criativa, foto da capa e tudo. A gente precisa regar o mercado da música o tempo inteiro para ser uma coisa justa e lucrativa para que outras pessoas consigam monetizar e viver da própria arte. A gente não pode salvar a vida de ninguém, mas a gente pode ajudar.

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