Dave Matthews, que toca em São Paulo, fala de Gilberto Gil e governo Trump
Atração do festival Best of Blues and Rock, o músico falou à Vejinha sobre os shows que faz com sua banda no Parque Ibirapuera; confira o papo

A 12ª edição do festival Best of Blues and Rock acontece neste fim de semana (7 e 8) e no próximo (14 e 15), no Parque Ibirapuera, reunindo atrações como Richard Ashcroft, Alice Cooper, Deep Purple e Barão Vermelho.
A Dave Matthews Band é outro destaque da programação, com dois shows no festival, neste sábado (7) e também no domingo (8). O grupo com mais de 30 anos de carreira é liderado pelo cantor, compositor e guitarrista sul-africano, e conhecido por sucessos como Crash Into Me e Everyday. Confira, a seguir, o papo com o vocalista.
4 perguntas para Dave Matthews
Dave, o que você pode dizer sobre os repertórios dos dois shows que vocês farão em São Paulo?
Não tenho a mínima ideia do que vai acontecer. Vamos saber o que tocar provavelmente algumas horas antes do show, porque é a única maneira que sei trabalhar. Talvez um dia antes. Sempre foi assim para mim, mesmo que seja um festival, é mais fácil entender as pessoas e a música no lugar e tentar compor um bom set. Haverão algumas pessoas que nos conhecem, mas muitas que não, então vamos tentar fazer o show mais interessante possível.
Essa maneira de trabalhar é algo que te deixa sempre empolgado para o próximo show, mesmo após tantos anos de carreira?
Sim, acho que sim. A banda não teria durado duas semanas se nós não fizéssemos isso (risos). Porque há muita improvisação, no Brasil vocês sabem bem. Todos os integrantes da banda já tocaram jazz, então nós realmente não conhecemos nenhuma outra maneira. É como a gente se comunica, e tem funcionado até agora.
“Neste momento os Estados Unidos são governados por pessoas que pensam que o dinheiro é mais importante que o futuro, e isso é muito estúpido”
Você tem alguma referência na música brasileira?
Talvez o primeiro artista brasileiro que escutei foi o Gilberto Gil. Ir ao Brasil é um pouco intimidador. É como ir a Nova Orleans (cidade americana conhecida como berço do blues), onde estão alguns dos melhores músicos do mundo. Vocês tem essa cultura que é tão musical, e que, para mim, parece ser uma forma de liberdade. Muitas culturas não têm a mesma libertação através da arte que o Brasil tem.
Além da música, sua banda tem uma preocupação ecológica, vocês se envolvem em diversos projetos sobre o meio-ambiente e as mudanças climáticas. Qual a importância de defender essa causa?
Eu penso nos meus filhos, e no fato de que, mesmo existindo aquelas pessoas que não acreditam, o planeta está a caminho de uma catástrofe. Não acredito que isso esteja em questão. Nós temos a tecnologia para mudar isso? Sim. Temos o entendimento de como melhorar nossas técnicas agrícolas? Sim, nós sabemos como fazer isso, é preciso um pouco de esforço. Nós temos as ferramentas para redirecionar tudo, e a maioria das pessoas, eu acho, querem um futuro para seus filhos. Mas o inimigo de tudo isso é a ganância, e os Estados Unidos são um exemplo do quão ganancioso você pode ser. Neste momento os Estado Unidos são governados por pessoas que pensam que o dinheiro é mais importante que o futuro, e isso é muito estúpido.