“Tudo precisa respirar, sobretudo o amor”, disse Vinicius Calderoni antes do bis de um show na Casa Natura Musical, na noite de 4 de agosto de 2019.
O texto anunciava o fim temporário da banda paulistana 5 a Seco — que ali se reunia pela última vez no palco — e o lançamento surpresa do disco Pausa. Quase cinco anos depois, o coletivo de compositores está de volta à ativa e estreia uma nova fase no Coala Festival, com reencontro marcado para o dia 8 de setembro no Memorial da América Latina.
O local não foi escolhido ao acaso. Há uma década, foi o grupo formado por Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni o responsável por abrir a primeira edição do evento.
A banda começou antes disso. Em 2009, os músicos começaram a esboçar um projeto paralelo às suas carreiras solo, de alguns shows em quinteto — a ideia decolou rápido, e o primeiro disco, gravado ao vivo em 2011, no Auditório Ibirapuera, contou com participações de nomes como Lenine, Chico César e Maria Gadú, parceira no hit Em Paz, que foi tema da novela Flor do Caribe.
Sucessos como Pra Você Dar o Nome, Feliz Pra Cachorro e, depois, Pensando Bem deram o tom de uma nova geração da MPB. “Já ouvimos de muitos artistas mais novos que, sem o 5 a Seco, não seriam compositores”, diz Leo, 40.
Após dez anos de estrada, o conjunto anunciou a parada, que se alongou mais do que o esperado. “A nossa pausa foi programada como algo que duraria um, dois anos, para cada um viver sua história, seus trampos, e voltarmos com uma força de saudade”, explica Tó, 37.
Logo depois veio a pandemia e, de lá para cá, muita pedra rolou pelo caminho. Leo se mudou para Portugal, lançou disco e se tornou pai. Tó produziu álbuns de artistas como Anavitória e Luísa Sobral. Altério deu à luz seu primeiro álbum solo e, ao lado de Viáfora, à dupla Pedros. Vinicius escreveu e dirigiu espetáculos como Museu Nacional [Todas as Vozes do Fogo] e Sísifo, com Gregório Duvivier.
A volta, ao que tudo indica, não se resumirá à apresentação especial no Coala. O quinteto dá pistas de que ela será só o primeiro capítulo desse retorno. “O 5 a Seco vai ser uma banda de reencontros que, quando acontecerem, serão intensos”, deixa no ar Calderoni. Aguardemos as próximas cenas.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de abril de 2024, edição nº 2888