3 perguntas para António Zambujo e Yamandu Costa, que fazem show em SP
O cantor português e o violonista gaúcho estão lançando um segundo álbum em duo, 'Sur' (2025), que estará à venda em mídia física

O cantor português António Zambujo e o violonista gaúcho Yamandu Costa estão em turnê pelo Brasil, e passam por São Paulo no dia 25, no Tokio Marine Hall.
A dupla, que lançou um primeiro disco no ano passado, Prenda Minha (2024), gravou um segundo álbum, Sur (2025), que estará à venda em mídia física no show.
O repertório da apresentação irá trazer faixas dos dois trabalhos, e outras surpresas da música portuguesa, latina e brasileira — no primeiro disco, estão registradas faixas como Nervos de Aço, de Lupicínio Rodrigues, e Gente Humilde, de Chico Buarque, Garoto e Vinicius de Moraes.
Ambos avessos a ensaios, os artistas, virtuosos em seus instrumentos — o violão e a voz —, fazem de cada apresentação um encontro singular, com uma boa dose de improviso.
“O instrumento a serviço da palavra”, define Yamandu. O show imperdível também passa por Guarulhos, no dia 21, e Campinas, no dia 26.
3 perguntas para António Zambujo e Yamandu Costa
Qual a ideia do repertório do novo disco, Sur?
Y.C Pensamos em uma trilogia. Este segundo volume é um álbum em espanhol, mais dedicado à língua castelhana. E o terceiro disco será de autorais. o nome Sur é porque nós somos figuras do Sul — do Brasil, no meu caso, e de Portugal, ele. E as duas regiões têm essa proximidade com a língua espanhola, seja a Espanha ou Uruguai e Argentina.
Como começou a parceria de vocês?
A.Z Nos conhecemos quando fui tocar pela primeira vez no Rio de Janeiro (em 2008). O meu agente no Brasil tinha falado do Yamandu, tínhamos amigos em comum, e assim surgiu a ideia de convidá-lo para tocar no show. Ficamos amigos de infância desde o primeiro dia.
Y.C Mais amigos que parceiros, no início. Tanto que o trabalho foi acontecer agora, sem pressão nenhuma, foi algo natural. A gente se diverte muito juntos. Essa coisa de a gente nunca ter ensaiado também faz com que cada encontro seja único. É como um encontro de músicos de câmara, que cada hora fazem de um jeito diferente.
Como nasceu a sua relação, Yamandu, com Portugal? E sua, Zambujo, com o Brasil?
A.Z Aqui a gente tem muito contato com a cultura brasileira. Nos anos 80, as novelas brasileiras revolucionaram muito a televisão em Portugal também. Na mesma época, descobri o João Gilberto, e através dele conheci nomes como orlando Silva, Cartola e Noel Rosa. E depois Caetano, Gil, Bethânia e Gal. Com o choro, encontrava muita relação com o fado e a morna de Cabo Verde, completando uma tríade do que mais me interessava.
Y.C Comecei a viajar muito para Europa a partir de 2015, e começou a ficar cansativo morar no Brasil. Em Portugal, me senti muito em casa, porque tem roda de samba, feijoada, você não sente saudade. Foi um acerto muito grande. Acaba que eu não moro em lugar nenhum, a gente vive dentro do estojo do violão mesmo. Mas é um lugar onde me adaptei, gosto muito do meu canto lá.
16 anos. Tokio Marine Hall. Rua Bragança Paulista, 1281, Chácara Santo Antônio, ☎ 2548-2541. ♿ Ter. (25), 21h. R$ 120,00 a R$ 336,00.
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de março de 2025, edição nº 2935