Injustiçado e arrogante
Disponível na Netflix, o documentário de 2018 com direção de Irek Dobrowolski A Vida e a Arte de Stanislav Szukalski se debruça sobre o escultor polonês. A narrativa tem ritmo rápido e às vezes confuso, o que não é um defeito, porque casa com o discurso do protagonista. É ainda um trunfo do longa, de uma hora e 45 minutos, questionar a ideia de que Szukalski é simplesmente um nome injustiçado pela história da arte. O mesmo homem que produziu obras primorosas também acalentava personalidade irascível dada à arrogância.
A travessia da Laerte
Laerte-se (2017), também na Netflix, se debruça sobre a travessia que a cartunista Laerte Coutinho empreendeu até declarar-se transgênero. O longa-metragem, de uma hora e quarenta minutos, costura trechos de entrevistas da Laerte com cenas dela em casa, mais imagens de arquivo e tirinhas de sua autoria. Transborda da narrativa a hesitação da protagonista, mesclada com sua felicidade em seu processo de autodescoberta e com um tiquinho de melancolia, que vem junto também com humor. Assinam a direção a jornalista Eliane Brum e a cineasta Lygia Barbosa da Silva.
A tela e o corpo
Biografias, tal qual Maudie: Sua Vida e Sua Arte, são uma boa forma de adentrar no mundo das artes visuais. O filme de 2018, que pode ser visto no Google Play, passeia pela trajetória da canadense Maudie Lewis (1901-1970). As cenas delicadas que ela pintava contrastavam com sua luta contra a artrite reumatoide, que comprometia seu ofício. Afora o drama pessoal, o filme toca em uma questão cara: a importância do corpo do pintor. Muitas vezes esse tema é deixado de lado devido à crença (imprecisa) de que o vaivém com os pincéis demande pouca energia.
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722