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O que é real e o que é ficção em Dor e Glória, de Almodóvar

O filme, sobre um cineasta em recesso profissional, está em cartaz nos cinemas

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 fev 2020, 17h51 - Publicado em 14 jun 2019, 14h13
Asier Etxeandía, Almodóvar e Antonio Banderas  (Universal Pictures/Veja SP)
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Dor e Glória já está disponível nas plataformas digitais, como o NOW, e tem duas indicações ao Oscar: melhor filme internacional e melhor ator, para Antonio Banderas. O filme gera dúvidas. O que é real e o que é ficção no 21º longa-metragem do diretor espanhol Pedro Almodóvar? Embora prefira a palavra autoficção, Almodóvar realizou seu filme mais autobiográfico. Quem conhece um pouco de sua vida ou já viu vários de seus filmes, vai reconhecer elementos que compõem o roteiro. A começar pelo protagonista, que é um cineasta e interpretado por Antonio Banderas, ator com quem o diretor trabalhou no início de sua carreira em trabalhos cultuados como Matador, A Lei do Desejo, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e Ata-me. Se você, assim como eu, viu (ou pretende ver) Dor e Glória e quer saber o que tem de Almodóvar no filme, confira algumas curiosidade.

É real!

Dores – Salvador Mallo, o personagem de Antonio Banderas, sofre de perda de audição, o mesmo problema que atinge Almodóvar. O cineasta espanhol também tem fotofobia e é por isso que Salvador está quase sempre de óculos escuros.

EndereçoPaseo de Pintor Rosales, onde mora Almodóvar, é a uma rua chique de Madri, o mesmo endereço que Salvador Mallo dá a um taxista.

As lavadeiras do rio – A lembrança é mais presente na memória de Agustín, irmão de Almodóvar, sobretudo na cena em que o pequeno Salvador brinca com o sabonete com as personagens de Penélope Cruz e Rosalía.

Escritor de cartas – Era a mãe de Almodóvar quem lia as cartas para os analfabetos na região de La Mancha, onde moravam. O menino Almodóvar passou, então, a escrever as cartas para os vizinhos, assim como ocorre no filme.

Desentendimento com seus atores – Não é novidade que Almodóvar sempre foi muito exigente nos sets e teve desentendimentos com seus atores. O personagem de Asier Etxeandía, o astro com quem ele nunca mais falou, seria uma compilação de três intérpretes. O mais evidente seria Eusebio Poncela, protagonista de A Lei do Desejo, que ficou 32 anos sem trocar uma palavra com Almodóvar. Antonio Banderas e Carmen Maura, os dois nomes mais presentes em seus primeiros filmes, também podem ser referências.

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Cirurgia – Logo na abertura do filme, nota-se uma grande cicatriz nas costas de Antonio Banderas (na cena da piscina), fruto de uma cirurgia que seu personagem passou. Almodóvar também foi operado da coluna e sofreu com dores de cabeça, assim como Salvador Mallo.

Filmoteca – Carmen Maura e Almodóvar se reencontram em março de 2017 para uma exibição comemorativa de A Lei do Desejo. A Filmoteca foi o cinema escolhido, o mesmo onde os personagens de Asier Etxeandía e Banderas são convidados para uma projeção em cópia restaurado do filme fictício Sabor.

Figurino – Algumas roupas usadas por Salvador Mallo são do próprio Almodóvar que, numa entrevista, disse que o colorido do figurino fosse fiel ao seu vestuário.

A casa de Salvador Mallo – Trata-se de uma reprodução fiel do imóvel de Almodóvar em Madri, com móveis, um aparador Fornasetti, uma poltrona Rietveld, vasos e outros objetos que pertencem ao diretor espanhol.

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Táxi – Assim como Salvador, Pedro Almodóvar é usuário de táxi, que até virou um personagem em seus filmes – desde Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão (1980) até Dor e Glória.

O pai de Pedro – Antonio Almodóvar, pai do cineasta, que morreu em 1980, aparece numa foto que está num criado-mudo na cena em que Salvador conversa com sua mãe já idosa (papel de Julieta Serrano).

Os quadros – As telas que Salvador Mallo tem em sua casa fazem parte da coleção de arte de Almodóvar. São obras de pintores como Pérez Villalta, Manolo Quejido, Dis Berlin e Sigfrido Martín Begué.

Transformista – Numa cena, Alberto (Asier Etxeandía) mostra revistas dos anos 80 em que Salvador aparece vestido de mulher. É uma clara alusão a Almodóvar y McNamara, a dupla de glam rock durante La Movida Madrileña nos anos 80.

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A secretária – Assim como a personagem de Nora Navas, que vive ao redor de Salvador, Almodóvar tem uma amizade de três décadas com sua assistente Lola García.

El primer deseo – O nome do filme que faz com que Salvador retome sua carreira faz menção à produtora El Deseo, que Pedro e Agustín Almodóvar fundaram em 1986 para fazer A Lei do Desejo.

Pedro Almodóvar no set de Dor e Glória
Pedro Almodóvar no set de Dor e Glória (Universal Pictures/Veja SP)

É ficção!

Paixão de infância – Se o presente tem muitas semelhanças com o de Almodóvar, o passado não foi igual ao do filme. “Nunca vivi numa caverna e nem me apaixonei por um pedreiro. Embora ambas as coisas pudessem ter ocorrido”, revelou Almodóvar.

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A mãe – Almodóvar nunca teve problemas com a mãe e Dor e Glória é mais inspirado nas ficcionais figuras maternas de seus filmes anteriores, como Tudo sobre Minha Mãe e A Flor do Meu Segredo. Durante as filmagens, Almodóvar reescreveu algumas cenas, já que ficou impressionado com a atuação de Julieta Serrano, que interpreta a mãe de Salvador. “De tudo que eu fiz até agora (no cinema), tenho a impressão de que estas sequências improvisadas contam mais sobre mim, sobre a minha relação com os meus pais e com La Mancha (terra natal de Almodóvar) e com os locais onde vivi a minha infância e adolescência”.

Heroína – Almodóvar declarou que, embora estivesse rodeado de traficantes na década de 80, nunca provou a droga que vicia o personagem de Salvador Mallo. “Conheço bem como funciona porque sempre estive perto de pessoas que usavam”. Ele explicou que a heroína é uma metáfora para o cinema – este, sim, um vício que o mantém vivo para seguir adiante.

O grande amor da vida – O realizador disse numa entrevista que já amou intensamente mais de uma vez. Mas que, uma única vez, precisou cortar a relação e foi como se tivesse um braço amputado. Ele rompeu, mas continuou amando. Mas Federico, o personagem de Leonardo Sbaraglia, que reencontra Salvador depois de muitos anos é ficcional. “Ele foi construído a partir das minhas lembranças de um amor interrompido”, revelou.

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