A Mostra Internacional é um lance de sorte. Com 380 filmes, prefiro sempre apostar nas novidades inéditas e, quase sempre, aquelas que não vão entrar em cartaz. Muitas vezes, entrar numa sessão de olhos fechados dá certo (veja no post de ontem sobre duas apostas bem-sucedidas). Hoje, pelo contrário, foram duas decepções.
Vou começar pelo fim. Os Selvagens, com sessão lotada no Frei Caneca, é o primeiro filme de Alejandro Fadel, corroteirista de alguns filmes de Pablo Trapero, como Leonera e Abutres. A história é sobre quatro rapazes e uma moça, menores de idade, que fogem de um reformatório. Na mata e nas montanhas, precisam se virar para sobreviver. A primeira metade aposta no realismo; a segunda, no realismo fantástico, num lance espiritual. Achei meio desconjuntado, embora as locações sejam magníficas e o trabalho de direção surpreenda. O problema mesmo está no roteiro e na montagem, deixando o resultado confuso e pretensioso. Além disso, o filme, de duas horas, parece não ter fim. Quando você acha que vai acabar, tem mais, e mais e mais e mais…Enche!
O primeiro do dia foi ainda pior: o americano Ladrão. Nem vou gastar palavras com algo que nem merecia estar na Mostra. Resumindo, um rapaz de boa aparência vive de roubar produtos em lojas e repassá-las para um amigo ou comerciantes. A coisa se complica quando seu irmão pratica um assalto, vai preso e o protagonista precisa entrar pra valer no mundo do crime. Ainda bem que é curtinho: 75 minutos.
O melhor do dia: A Bela que Dorme, do diretor italiano Marco Bellocchio (Vincere). O diretor pega o caso de Eluana Englaro, que ficou em coma por 17 anos, para debater a questão da eutanásia. Confesso que demorei um pouco a “entrar” no filme devido ao número excessivo de personagens. Como seu lançamento está garantido, preciso revê-lo.
Mais um fora da Mostra: acabei vendo A Bela que Dorme, que foi exibido no lugar do belga Perder a Razão. Motivo: a cópia do filme que eu queria ver não chegou.