Julie Delpy, atriz e diretora francesa, fala de O Verão do Skylab
Julie Delpy é francesa, tem 43 anos e atua à frente e atrás das câmeras. Depois do sucesso de Antes da Meia-Noite, recém-saído de cartaz, ela volta aos cinemas como atriz, roterista e diretora de O Verão do Skylab, uma deliciosa comédia nostálgica, ambientada em 1979, que traz à tona as memórias de infância da […]
Julie Delpy é francesa, tem 43 anos e atua à frente e atrás das câmeras. Depois do sucesso de Antes da Meia-Noite, recém-saído de cartaz, ela volta aos cinemas como atriz, roterista e diretora de O Verão do Skylab, uma deliciosa comédia nostálgica, ambientada em 1979, que traz à tona as memórias de infância da realizadora.
O que tem de real e o que tem de ficção em O Verão do Skylab? Eu me inspirei demais na minha família, mas também tem um bocado de ficção na trama. É difícil dizer. As coisas se misturam, mas a história da queda dos destroços do Skylab é real.
Pensou em dar seu roteiro para algum outro cineasta dirigir? Quando eu escrevo, eu dirijo. Não gosto de escrever para os outros. Meu processo de trabalho funciona dessa maneira.
Como você vê as mudanças de 1979 para os dias de hoje? Naquela época, as crianças estavam muito mais presentes na vida dos adultos. Eles escutavam o que os mais velhos tinham a dizer e faziam parte do mundo real. Hoje, as crianças vivem um bom tempo em função do virtual.
Tendo à disposição a tecnologia de hoje, que tipo de profissional você é? Acho que uma mistura do velho e do novo. Eu tenho um lado de curiosidade pelas ciências, mas, ao mesmo tempo, passo a minha vida no computador. É com ele que crio personagens que se comunicam.
Que tipo de contribuição intelectual seus pais te deram? Eles me mostraram coisas de adultos, inclusive filmes, quando eu ainda era muito jovem. Sou muito grata a eles por isso porque a intelectualidade não destrói uma criança. O que acaba com o espírito é a estupidez e, hoje, tem uma quantidade enorme de gente ignorante por aí.
Que tipo de educação você dá a seu filho? Ele tem apenas 4 anos e, por isso, vou esperar um pouco para ele ver Apocalypse Now (em O Verão do Skylab, a personagem inspirada na diretora viu esse filme de Francis Coppola ainda criança). Mas quero colocá-lo sempre em contato com a cultura. Levei-o, por exemplo, para ver uma exposição sobre 2001 – Uma Odisseia no Espaço, do Kubrick, e ele adorou.
Você tem dupla nacionalidade (francesa e americana) e vive entre Los Angeles e Paris. O que acha dessas cidades? Los Angeles pode ser alienante porque há muita solidão, mas meu trabalho e meu filho me tomam todo o tempo. É também uma cidade superficial e vazia. Hollywood não é muito o meu mundo! Paris também é alienante, mas de outra maneira. Os parisienses podem ser irritantes e, para piorar, ainda tem o inverno. Não entendo como metade da população não dá o fora de Paris durante o gélido mês de fevereiro.
Antes da Meia-Noite foi um sucesso no Brasil e ficou mais de dois meses em cartaz. Há planos de uma continuação? Fico muito contente em saber que foi bem no Brasil. Eu fico orgulhosa dos meus filmes, mas, infelizmente, eles não vão bem de bilheteria na França. Só os filmes que eu dirigi tiveram sucesso no meu país. Quanto à continuação de Antes da Meia-Noite, quem sabe, vamos ver se rola…
Com que frequência você encontra Richard Linklater e Ethan Hawke, o diretor e o ator de Antes da Meia-Noite? Eu gosto muito deles, mas, infelizmente, nós nos vemos apenas quando trabalhamos juntos. Isso acontece a cada sete anos. Um ou dois anos antes das filmagens, nos reunimos para escrever o roteiro do filme.
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