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Hollywood, série da Netflix, é uma fábula otimista para ver na pandemia

A história cobre a trajetória de vários personagens envolvidos com o cinema na década de 40

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 Maio 2020, 14h05 - Publicado em 7 Maio 2020, 12h33
 (Divulgação/Divulgação)
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Ryan Murphy é um dos nomes mais badalados da TV americana como criador de Glee, Feud e Pose, entre outros sucessos. Talvez em sua cartada mais ambiciosa, Murphy faz um registro da era dourada do cinema em Hollywood, novo seriado da Netflix. Mas calma lá. Embora realista em seus primeiros capítulos e usando alguns personagens verídicos, o realizador introduz elementos de fábula e deixa seu roteiro com uma pegada de fantasia. Não dá para ficar indiferente — ou se embarca em sua jornada otimista/escapista ou se renega, justamente pelo mix nada explicativo da ficção com a verdade.

É a época do pós-guerra nos Estados Unidos e, entre 1946 e 1947, o jovem Jack Castello (David Corenswet) tenta emplacar como ator. Casado e prestes a ser pai de gêmeos, o rapaz aceita trabalhar como garoto de programa para um fracassado ator que usa um posto de gasolina como fachada de encontros. É lá também que se inicia a carreira na prostituição de Archie Coleman (Jeremy Pope), um roteirista que, por ser negro e gay, só recebe nãos dos estúdios. Um dos “fregueses” de Coleman será Rock Hudson (Jake Picking), o caipira que chegou a Hollywood para tentar o estrelato e caiu nas garras de Henry Willson (Jim Parsons), um agente artístico imoral que usa o “teste do sofá” para (a)provar seus clientes.

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Há ainda a trajetória de um casal, formado por uma atriz negra (Laura Harrier), sempre escalada para fazer a empregada nas produções, e um cineasta branco, que pretende levar às telas a história de uma jovem intérprete que se matou jogando-se do letreiro de Holly­woodland (este era o nome até 1949). Hudson e o dono do posto são reais, mas seus destinos não foram os que apontam a série. O diretor George Cukor, a estrela Vivien Leigh, a ex-primeira-dama Eleanor Roosevelt e Hattie McDaniel, primeira atriz negra a ganhar o Oscar, em 1940, são outras figuras verídicas.

Hollywood não é perfeita — o derradeiro episódio tem direção frouxa para uma celebração esfuziante. Assim como fez Tarantino em Bastardos Inglórios e Era uma Vez em… Hollywood, Ryan Murphy “reescreve” as histórias, aqui centrado em lutas e movimentos que, no decorrer nas décadas, tornaram-se emblemáticos. Ao lançar um olhar para um “outro” futu­ro, vislumbra-se a comovente magia do cinema capaz de reparar o passado. Vale quatro estrelas!

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