Sou fã de Fabio Porchat há muito tempo. Ele tem um invejável timing de humor e como apresentador também manda muito bem, conforme demostra no programa que leva seu nome, na Record, e no Papo de Segunda, no GNT. Há alguns anos, entrevistei Porchat num vídeo que eu fazia em que o ator precisou responder várias perguntas de uma tacada só – e andando (!). Porchat foi nota 10 e tirou de letra a brincadeira. Confira aqui. Longe das câmeras, é um cara extremamente generoso e parceiro. Tanto que o convidei para escrever um texto sobre uma série que ele gosta e, não demorou muito tempo, me mandou o recado afiadíssimo que você lê abaixo.
“Sempre me surpreendo quando leio algum comentário do tipo: “agora o Porta dos Fundos foi longe demais”. Na hora, eu sempre penso: será que essas pessoas já assistiram South Park ou Family Guy? As piadas (geniais) que essas animações americanas fazem pegam muito mais pesado do que qualquer vídeo nosso fazendo graça com a Santa Ceia. A gente aqui é quase café com leite. Lá, não há assunto tabu. Acrescento a isso uma coisa interessante que eu li sobre uma deputada federal brasileira que disse que masturbação não era um assunto para se tratar com adolescentes. Gênia! Somando esses dois fatores, chegamos a uma ótima série adulta de animação e muito engraçada chamada Big Mouth. Ela trata, exatamente, das mudanças hormonais durante a fase da adolescência. Os personagens principais são todos pré-adolescentes se transformando e se deparando com polução noturna, ereções (as fora de hora, inclusive), beijos de língua, sexualidade, relacionamentos e, pasmem, masturbações. O monstro hormonal é um personagem e contracena com os jovens sempre levando-os para o mau caminho e aparecendo nos piores e mais inesperados momentos — tanto para os meninos quanto para as meninas. É sensacional! Os pais rendem ótimos momentos também: tem aqueles que não conseguem se comunicar com os filhos e os que amam demais. A tentativa de troca entre os adultos e as crianças é divertidíssima. O politicamente incorreto impera, com piadas sempre inteligentes, engraçadas (o que para uma comédia é o ponto principal) e pesadas. O que me chama a atenção é a falta de qualquer tipo de limite para qualquer assunto. Enquanto no Brasil ainda estamos no primitivo debate sobre “o limite do humor”, lá fora eles já perceberam, há muito tempo, que tudo pode render piada. Aqui, quem tem rendido as melhores são nossos políticos, infelizmente.
> As duas temporadas de Big Mouth estão disponíveis na Netflix
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