“Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje.” O ditado iorubá foi escolhido por Emicida para abrir e encerrar o documentário AmarElo — É Tudo pra Ontem. A produção traz imagens inéditas do show que lotou o Teatro Municipal em novembro do ano passado. “Daqui a cinquenta anos essa vai ser a noite que transformou a vida de muita gente”, anunciou o rapper antes de subir ao palco.
Dos fãs na plateia que nunca haviam pisado ali às parcerias que compuseram o álbum AmarElo — Fernanda Montenegro e Larissa Luz na canção Ismália, Pabllo Vittar e Majur na faixa- título, por exemplo —, tudo sobre o projeto é compatível com o adjetivo “histórico”.
Mas Emicida não para nas referências a sua própria trajetória. Assume o papel de narrador para recriar o último século da cultura nacional. “O rap sempre foi mais que denúncia”, diz. As homenagens a Wilson das Neves, Lélia Gonzalez e Ruth de Souza ganham força na divisão em atos.
Conectado aos ciclos da natureza, Emicida fala da arte nas etapas de “plantar”, “regar” e “colher”. Na sua voz, a herança de dificuldades se conecta a um futuro fértil de possibilidades. “Todas as nossas chances de consertar os desencontros do passado moram no agora.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 16 de dezembro de 2020, edição nº 2717.
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