“Meu pulmão está doendo e eu só queria uma cama agora”, ouvi da joalheria Lydia Sayeg, no saguão de um prédio em Higienópolis na noite de ontem (segunda, 3). “É pneumonia, mas precisava vir gravar hoje de qualquer jeito”, emendou ela, que como eu estava a caminho de um jantar do arquiteto Leo Shehtman em homenagem à colega de profissão Brunete Fraccaroli. Quando recebi o convite, não havia ficado claro, mas descobri ali que estava a caminho de uma gravação do reality show “Mulheres Ricas”, da Band. Trata-se da versão nacional do programa “The Real Housewives”, que consiste em acompanhar a “dura” rotina de um grupo de madames. O escrete montado para a produção brasileira conta com, além de Lydia e Brunette, as socialites Val Marchiori, Narcisa Tamborindeguy e Débora Rodrigues (que o público conhece como ex-sem terra que virou caminhoneira e, depois, piloto de fórmula truck).
Na cena que estava sendo gravada, Narcisa e Brunete chegavam ao apartamento de Shehtman. Lá, eram recepcionadas por ele e pelas outras “Mulheres Ricas”— e eu, um dos 25 convidados, só me perguntava o que estava fazendo ali, no meio de um programa de televisão.
Apesar do nome “reality show”, não é beeeeem assim, pé no chão, que a coisa acontece. “Eu estava rumo a Buenos Aires na sexta, quando a Brunete ligou me pedindo para oferecer um jantar a ela, pra gravarmos o programa”, entregou o anfitrião. As situações são orquestradas por uma equipe que explica pacientemente o que cada uma deve fazer. A homenageada, por exemplo, precisou repetir duas vezes sua entrada triunfal na festa. “Não pode fingir que está surpresa, Brunete! Lembre-se que gravamos o Leo te contando sobre o jantar”, orienta o diretor. Antes de entrar em cena, Narcisa perguntava: “Eu tô bonita? Tô com cara de mulher rica?”. Sim, estava. Ela retrucou: “Então tira uma foto e manda para meu namorado!”
Pensei em acionar o famoso “surgir, sorrir, sumir”, o princípio dos três “S” usado pela turma que aparece em colunas sociais (ou as escreve). Não deu. A bendita cena estava sendo gravada exatamente no elevador. Enquanto esperava a chance de sair à francesa, conversei com outros convidados. “Eu faço o amigo gay da Val”, contou Duda Martins (Dudinha, para as íntimas), cabeleireiro da socialite e empresária. “Os produtores me deram como referência o Rony, que estava sempre com a Natalie Lamour de ‘Insensato Coração’.”
Ia perguntar as grifes vestidas pelas “Mulheres Ricas”, mas percebi que o elevador estava liberado. Hora de ir embora antes que o diretor gritasse “ação” novamente.
Crédito da foto: Marina Malheiros