De engraxate na Avenida Paulista quando tinha apenas 13 anos, hoje Thiago Landes, 37, é um dos nomes principais para consertos e reformas de bolsas e sapatos de grife. Criador da Sapataria Paulista, ele acaba de iniciar um novo capítulo dessa história de superação com a abertura de uma loja com 250 metros quadrados — e janelão com vista para a mesma calçada onde tudo começou.
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“O espaço antigo não comportava mais nossa demanda e ficou ‘pobrinho’ para receber as artistas, blogueiras, esposas de ministros e clientes que chegam até com segurança”, explica. “Sem contar que não dava mais para comportar todas as bolsas e sapatos em um único lugar.”
Com a inauguração na Galeria 2001, ao lado do Conjunto Nacional, a novidade passa a funcionar com cerca de vinte funcionários e terá, no mesmo andar, um ateliê de costura e uma lavanderia de tênis, com serviços de pintura, troca de solado e reforços, tudo voltado aos calçados que não fazem parte do segmento de luxo, atual carro-chefe do empresário. Batizada de A Casa do Tênis, a proposta também será replicada na banca da Rua Antônio Carlos, um dos seus primeiros pontos fixos como sapateiro.
Além dos frequentadores paulistanos, ele ainda recebe peças de clientes de todo o Brasil e vai concentrar os itens no novo endereço. E com a mudança, os produtos ficarão mais seguros, acredita ele. “Era uma questão importante. Trabalhando com bolsas de até 200 000 reais, eu tinha medo que alguém pegasse um pé de cabra para invadir”, diz. “Agora temos até porta com senha eletrônica.”
Seguindo os passos do pai, sua filha de 18 anos, Ana Caroline Landes, vai comandar uma nova seção: o brechó de luxo. “Sempre tive vontade de criar esse segmento, mas não tinha quem tocasse. Um diferencial é que compramos as bolsas, além de expor modelos consignados”, conta. “Se você tem uma Chanel e precisa de dinheiro, pagamos na hora.”
Mas o que ele mais deseja comprar hoje custa mais caro que qualquer bolsa do seu portfólio. “Vou batalhar para ser dono desse imóvel”, planeja. “Nunca pensei que estaria no lugar mais caro do prédio, ninguém acreditou quando aluguei: ‘Esse sapateiro é doido mesmo!’ Agora olho pela janela agradecendo a Deus e à minha esposa, que me apoiou desde o começo.”
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860