Terraço Paulistano
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Regina Silveira exibe duas mostras simultâneas em São Paulo
Com obra recém-inaugurada no aeroporto de Houston, artista também terá exposição no Chile em maio
Com quase setenta anos de carreira, Regina Silveira, 86, mantém duas exposições em cartaz na capital. Graphos resgata a obra homônima que foi concebida em 1991, mas nunca materializada: uma instalação feita de vinil adesivo no pavilhão da Luciana Brito Galeria, onde já teve sete mostras anteriores. No Instituto de Arte Contemporânea (IAC), a Modus Operandi é mais extensa e contempla uma série de processos criativos de diferentes períodos da artista, entre obras, desenhos, vídeos e maquetes.
Nascida em Porto Alegre, Regina vive em São Paulo desde os anos 1980, na região do Sumaré. Na sala de casa, as paredes têm tudo menos suas criações e estão preenchidas com obras presenteadas por amigos e alunos. “Atenção: percepção requer envolvimento”, diz um dos quadros.
É no terreno ao lado, onde construiu o próprio ateliê, que guarda seus arquivos, maquetes e rascunhos. Também é por lá que Lucy, sua amiga corpulenta e felpuda, dormia profundamente durante toda a entrevista. Segundo ela, a gata faz acupuntura e toma gotinhas de canabidiol — o que talvez explique o repouso ininterrupto. “E ela gosta da Rádio Cultura.”
“Nos anos 1970, fui classificada como artista multimídia e acho que me encaminhei como uma artista gráfica que explora as políticas da imagem, ou seja, como a imagem funciona para nos conectar com o real”, descreve ao relembrar a trajetória, marcada por diversas obras públicas em grande escala.
A mais recente é a Paradise, inaugurada no aeroporto George Bush Intercontinental, na cidade americana de Houston, no Texas. Dividida em três partes, uma delas ocupa o chão de um dos terminais e é feita com cimento colorido, criando uma ilusão de abertura para o céu com insetos em voo.
“Levei quase três anos para fazer e tudo chegou a pesar 6 toneladas”, conta. “Continuo tendo muitos compromissos, mas agora só viajo a trabalho. Fico muito em casa e convivo bastante com os artistas de gerações mais jovens.”
Alguns desses amigos se falam em um grupo de WhatsApp batizado de Unidos da Sopa, nome inspirado por uma sopeira feita por Regina com estampas de sapos.
“Falo muito com amigos do exterior e com minha família, que fica aqui em São Paulo e em Gramado. Esse é meu pequeno mundo brasileiro.”
A artista também vai marcar presença em Santiago com uma mostra em maio, no Centro Cultural Universidad Católica de Chile, onde deve replicar a Dark Swamp, instalação com um ovo negro rodeado por uma mandala de crocodilos, que representam a contaminação e expansão da maldade.
“Essa eu inventei quando fui a Nova Orleans depois do furacão Katrina. No museu de história natural, vi bebezinhos crocodilos, recém-nascidos, fazendo ruídos já furiosos”, relembra. Outro tema recorrente em seus projetos é o efêmero, pois muitas das estruturas são temporárias. “Até que descobri que a efemeridade era relativa. Com meus arquivos, todo trabalho pode ser usado novamente.”
Luciana Brito Galeria. Avenida Nove de Julho, 5162, Jardim Europa, ☎ 98114-4103. Seg., 10h/18h. Ter. a sex., 10h/19h. Sáb., 11h/17h. Com acesso a cadeirantes. Grátis. Até 24/5.
IAC. Avenida Doutor Arnaldo, 120/126, Consolação, ☎ 3129-4973. Ter. a sex., 11h/17h. Com acesso a cadeirantes. Sáb., 11h/16h. Grátis. Até 26/7.
Publicado em VEJA São Paulo de 18 de abril de 2025, edição nº 2940
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