Um gesto de carinho fez com que Sílvia Grecco, 61, viralizasse nas redes: por conta própria, ela narra há seis anos os jogos do Palmeiras para o filho Nickollas, que é deficiente visual. A história até lhe rendeu o prêmio The Fifa Fan Award, dedicado a torcedores e fãs de futebol, com direito a cerimônia em Milão.
“As pessoas falam ‘não é mais fácil ligar um rádio?’, mas não estou preocupada com o que é mais fácil. Quero o que mais faz meu filho feliz”, crava.
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Hoje ela atua como secretária municipal da pessoa com deficiência na prefeitura e será responsável pelo primeiro Centro Municipal para Pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) de São Paulo.
Em um prédio de 5 000 metros quadrados em Santana, Zona Norte da capital, o projeto deve ser inaugurado em novembro deste ano e terá serviços voltados a adolescentes, adultos e idosos.
“O maior desafio foi entender quem eram as pessoas que estavam precisando desse atendimento mais de imediato”, explica. “São Paulo tem em média 350 000 pessoas com autismo (na capital) e muitas interrompem as terapias após certa idade.”
No complexo com piscina e teatro para 250 pessoas, ela planeja realizar oficinas de dança, cinema e natação. Uma das salas será reservada a aulas de instrumentos musicais e canto. “E ainda teremos um jardim sensorial gigantesco para que eles tenham contato com a natureza e também usem como espaço de autorregulação em momentos de crise”, adianta.
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de março de 2024, edição nº 2883