Demitido do Clube Pinheiros após ter levado queixas de racismo à direção, o ginasta Angelo Assumpção, 24, luta para se recuperar do episódio desde então. “Não recebi muito apoio do pessoal da minha modalidade, então me apoiei na família”, conta. Angelo, que já foi medalha de ouro na Copa do Mundo de Ginástica Artística, está desempregado há quase um ano, continua sem clube e tem treinado por conta própria. Para pagar as contas e sua alimentação, uma campanha organizada por amigos e familiares já arrecadou mais de 40 000 reais. “O que quero mesmo é poder trabalhar porque muitas portas se fecharam para mim”, desabafa. O contato do paulistano com o esporte se consolidou aos 7 anos, quando foi aprovado em todos os clubes da cidade e escolheu entrar no Pinheiros por incentivo da mãe. “Na época, senti como se o mundo estivesse se abrindo”, relembra. “Tentei dialogar dentro do ginásio e fui recebido com uma suspensão e, um mês depois, com a rescisão de contrato. É difícil os atletas negros quererem se manifestar se são sempre silenciados e não têm apoio dos que têm poder. A empatia não pode ser seletiva.”
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708.
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