Filha de Maricy e Romeu Trussardi, Maria Pia Trussardi nasceu em um família de empresários conhecidos pela religiosidade. Ela poderia passar os dias promovendo chás da tarde e recebendo as amigas para eventos sociais, mas optou por dedicar-se ao voluntariado. Começou aos 14 anos, tocando violão e lendo para crianças carentes em uma creche improvisada dentro do vagão de trem, em Pinheiros. De lá para cá, ajudou a levantar fundos para a construção da creche Mãe do Salvador, no mesmo bairro.
Hoje, tem como missão organizar com carinho e rigidez o Show de Talentos, que acontece neste terça (26), em que integrantes da sociedade fazem apresentações de números musicais em prol da mesma creche, no Teatro Alfa. Todas as 1 100 cadeiras do lugar, a preços entre 50 e 500 reais, foram vendidas.
As empresárias Adele Zarzur Kherlakian e Rosy Verdi, o estilista Sandro Barros e o barão Philippe Nicolay de Rothschild são alguns dos que vão se apresentar. No ano passado, o evento arrecadou 220 000 reais para atender um total de 312 crianças ao longo do ano. A meta é manter o mesmo número. “Também iremos vender camisetas da Mixed, grife da minha irmã, para aumentar arrecadação.”
Como começou a sua história com o voluntariado?
Minha mãe sempre disse a seguinte frase: “A quem muito foi dado, muito será exigido”. Eu nunca fui uma boa aluna na escola, mas gostava de cantar, de me fantasiar, de fazer piada. Então, aos 14 anos, comecei a brincar com crianças em uma creche improvisada que havia em uma vagão de trem, onde hoje fica a Igreja da Cruz Torta, em Pinheiros. Eu ocupava o tempo delas com atividades enquanto seus pais trabalhavam. Só depois, com o prefeito Faria Lima, foi dada a doação de um terreno para a construção de uma creche física.
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Como começou o Show de Talentos?
A primeira edição foi em 1975, quando eu tinha 15 anos, no Clube Harmonia. Reunimos amigos e pedimos para fazer números, dançar e cantar. Eu falei: ‘vamos arrecadar dinheiro para quem precisa’, mas muita gente tinha receio de sermos alvos de chacota, afinal não éramos profissionais. Eu não ligava, pois estava fazendo o bem. Fiz o Show de Talentos por quatro anos seguidos, até a minha melhor amiga morrer. Eu fiquei muito abalada, só depois voltei.
Quando voltou?
Em 1996, meu filho Eduardo, então com 18 anos, capotou o carro a caminho da missa. Eu cheguei à Paróquia São Pero São Paulo às 18h e não o encontrei. Quando soube do ocorrido, fui correndo ao Hospital das Clínicas. Eu joguei a minha bolsa no segurança que ficava na porta de acesso do pronto socorro e saí correndo para encontrar meu filho, quando o vi em uma maca. Estava todo ensanguentado devido ao traumatismo craniano. Encostei as minhas mãos nele e rezei em oração de línguas. Ele voltou. A enfermeira que estava ao meu lado disse para eu ficar com ele. Naquele momento, fiz uma promessa.
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Qual era a promessa?
Fazer uma edição do Show de Talentos em prol do Hospital das Clínicas, em até um ano após o acidente de carro. Eu o fiz, assim como ajudei todos os bombeiros que o resgataram. Deus foi tão maravilhoso comigo que meu filho cantou nessa edição do Show de Talentos.
O Show de Talentos é um evento social. A senhora exige muito dos participantes?
O quê? Tem de fazer muitos ensaios, em média dez no total, não quero um show mais ou menos. As pessoas se preparam, se esforçam ao máximo. Muitas cantam com bailarinos, tudo é devidamente ensaiado. Quem compra o ingresso vai ver um ótimo show, eu sou exigente. Trata-se de um evento anual e, embora dê bastante trabalho, penso que podemos fazer em dois dias no ano que vem. O público gosta de nos assistir.