Assumir o volante de um caminhão e comprar móveis antigos faz parte da rotina de Arnaldo Danemberg. Aos 65 anos, o antiquário coleciona experiências vividas no interior da França e nos grandes leilões de Londres, ocasiões em que desembolsa seus euros para garimpar móveis europeus dos séculos XVII ao XIX, vendidos hoje em seu endereço na Consolação. “Gosto da raridade, do inusitado e do móvel que representa bem uma época. Não compro nada adulterado, tenho horror a isso”, opina.
Após trabalhar como advogado no escritório paulistano Pinheiro Neto, Danemberg abandonou a profissão para se tornar sócio do pai antiquário. “Pesquisei todo o mobiliário brasileiro, virei pupilo de Tilde Canti e a enchia de perguntas”, relembra. “Meu avô era gerente do Copacabana Palace e fiz amigos juízes, desembargadores… As pessoas que compram comigo são bem low profile.”
Para celebrar 40 anos de carreira, Danemberg lança no fim deste mês o livro de crônicas Vida de Antiquário. “Incluindo a vez em que tive que carregar tudo sozinho porque meu ajudante não apareceu.” Pechinchar, segundo ele, sempre faz parte do jogo. “Mas sem abusar no valor dos descontos, tem que ser um bom negócio para os dois.” De suas passagens por Bordeaux, onde mantém um depósito, a última foi a mais marcante. “Fui com minha filha até a Suíça. Precisa ter energia e acordar cedo. Eu tenho disposição de quem tem no máximo 50 anos e ela, aos 36, carrega um móvel que é uma beleza.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de maio de 2021, edição nº 2739.