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Notas exclusivas sobre artistas, políticos, atletas, modelos, empresários e pessoas de outras áreas que são destaque na cidade. Por Humberto Abdo.

Denise Milan estreia mostra ‘Quartzoteka’ em subsolo da USP

Artista "intérprete" das pedras organiza série de instalações previstas para acontecer até o fim do ano

Por Humberto Abdo
15 mar 2024, 06h00
Mulher branca de cabelos castanhos curtos veste roupas brancas e posa de pé envolta por grandes pedras cinza escuro
Denise Milan (Leo Martins/Divulgação)
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Prestes a completar 70 anos, Denise Milan vive um dos momentos mais movimentados de sua trajetória artística. Pedras em diferentes estágios, formadas há milhões de anos, são o tema do seu trabalho, que será exibido na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da USP.

Até 17 de maio, o espaço vai abrigar parte de sua “quartzoteka”, o conjunto de obras preservado em seu apartamento.

“Não é uma coleção de pedras, mas uma coleção das narrativas e inúmeras criações que existem nos subterrâneos do planeta”, define a artista, que no fim do ano visitou Dubai e chamou a atenção da família real de Abu Dhabi, para quem vendeu uma obra.

+ “Tradutora” das rochas, Denise Milan completa quarenta anos de carreira

Pedras esculpidas em formato de livro com peças de pedra fina em cima, todas em tons rosa e marrom
Ametistas fazem parte da Quartzoteka, por Denise Milan (Leo Martins/Divulgação)

Além da longa relação com a cidade de Chicago, nos EUA, onde em abril fará outra exposição, ela tem visitado vários países, como China, Itália e Marrocos. “O que é comum nos une. A pedra é uma linguagem universal sem fronteiras.”

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E essa é uma das linguagens nas quais Denise busca ser fluente. Há mais de quarenta anos, ela atua como uma espécie de “tradutora” ao criar paralelos entre as rochas e a experiência humana — assim como nós, as pedras preciosas também passam por barreiras e etapas de formação para poder evoluir.

O próprio local escolhido para a mostra, no subsolo do edifício, é um retrato da origem desses elementos. “Cada um deles sobreviveu aos ataques colossais que aconteceram na Terra. Qual é o recado de esperança que eles trazem? Que a vida continua. E a humanidade precisa dessa mensa- gem agora.”

Pedras esculpidas em formato de livro com peças de pedra fina em cima, todas em tons rosa e marrom
Livros em quartzo: representações das histórias que as pedras carregam (Leo Martins/Veja SP)

Dividida em oito prateleiras, a seleção inédita terá ametistas, “tablets” de sodalita, uma peça única batizada de útero magmático e cerca de quarenta livros esculpidos em quartzo — uma possível representação literal do conhecimento e das histórias que as rochas carregam.

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Com curadoria de Luiz Armando Bagolin e apoio da DAN Galeria, a estreia também irá citar o poeta Haroldo de Campos, cujo livro Cadumbra, de 1997, prestou homenagem à arte e aos cristais de Denise.

A agenda da paulistana segue lotada até 2025: no Sesc Ipiranga, a instalação Entes está prevista para este semestre; a Banquete da Terra, apresentada em Veneza em 2019, terá espaço na Usina da Arte, em Pernambuco, a partir de junho; de novembro a janeiro, ela ganhará mais uma mostra no Farol Santander, com curadoria de Marcello Dantas; e será uma das convidadas para a Bienal de Curitiba, no fim do ano.

Foto em close exibe bolinha de pedra azul e figura minúscula de ser humano ao lado, ambos em cima de uma pedra lisa branca
Obra de Denise Milan na exposição da Quartzoteka (Leo Martins/Divulgação)

Mesmo assim, levar a quartzoteka aos olhos do público continua sendo um dos seus projetos de vida. E o período de dois meses na USP promete ser apenas o pontapé inicial para exibições futuras.

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“O lema dessa exposição é ‘a pedra fala, eu escuto’. Há anos eu dizia isso e as pessoas olhavam estranho. Hoje prestam atenção”, relembra. “A Terra nos conta tudo o que nos diz respeito. Assim passamos a entender o que é respeitar a natureza.”

Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária. Estreia sexta (15). Seg. a sex., 9h/18h. Grátis. Até 17/5.

Mulher branca de cabelos castanhos curtos veste roupas brancas e posa de pé envolta por grandes pedras cinza escuro
Denise Milan (Leo Martins/Divulgação)

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de março de 2024, edição nº 2884

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