Dança moderna criada pela comunidade LGBT de Nova York, nos anos 1980, o voguing faz parte das atividades conduzidas pela Cia. Manuela, coletivo fundado por Anjos Dani, 26, na favela de Heliópolis. Inspiradas nas poses de modelos de revistas, as modalidades praticadas por Dani misturam vários estilos. “São técnicas que sempre pesquisei, como jazz-funk, balé clássico e hip-hop”, explica. Além de aulas e shows organizados no CEU Heliópolis, o grupo já abriu uma apresentação de Rincon Sapiência, com coreografia própria, e antes da pandemia conduzia bailes, divididos em categorias. “Vogue vai além da performance, é um espaço de visibilidade principalmente para pessoas trans, pretas e periféricas”, enfatiza Lucas Bernardo, 23, diretor da iniciativa. Assim como na série americana Pose, que tem popularizado essa cultura, alguns membros do coletivo fazem parte de “casas”, grupos que competem nos bailes e seguem hierarquia familiar (mas nem sempre moram juntos). “Nessas casas, podemos contar com nossos pares, que nos entendem e nos ajudam a repensar o que é uma família”, celebra.
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 15 de julho de 2020, edição nº 2695.