Hoje, o Em Terapia traz um texto diferente… Não de minha autoria, mas de alguém que buscou o suporte da terapia após o rompimento de um relacionamento amoroso e resolveu compartilhar sua experiência conosco. Débora Nazari conta com delicadeza a trajetória da superação de sua dor no contexto terapêutico. Boa leitura!
(Re)começa outra vez, por Débora de Freitas Nazari
Nunca havia me sentido tão desconhecida de mim. No que nos transformamos ao longo dos anos quando estamos ao lado de uma pessoa? Essa pergunta martelou por um bom tempo até entender que o “ser eu” não dependia de ninguém. É engraçado como passamos anos sozinhos, principalmente na infância, e não nos tocamos deste tempo como algo negativo. A solidão passa a incomodar quando decidimos ir embora e escolher tudo de novo.
Fiz terapia por dois anos. Ela começou num Carnaval e terminou em outro Carnaval, sendo assim, eram duas Déboras. A minha história não é triste, porém foi muito dolorida. Sou uma mulher de roteiro simples, com um namoro que durou exatos cinco anos de muitas delícias e que, por fim, acabou. O problema dessa história foi a proporção de dor que o rompimento me causou. A grande virada da minha trajetória foi descobrir que entrei na terapia porque terminei o namoro e continuei, pois não terminei comigo mesma.
Não existe fórmula mágica para curar o que te atrapalha de seguir em frente, no meu caso procurar ajuda foi a única saída que encontrei para me fortalecer e aceitar que eu estava novamente convivendo apenas comigo. Cada psicólogo tem um método de trabalho, pois o tratamento vai muito da afinidade com o profissional. O meu ouvia pacientemente entre choros, risadas e manias ao mesmo tempo que explicava seu ponto de vista e fazia aquelas perguntas que escondia dentro de mim. A melhor sensação dos encontros é não se sentir julgada, pois a exposição é um ato que requer coragem.
Eu nunca senti vergonha de falar nas sessões e nem a necessidade de recontar a minha versão dos fatos de uma forma contraditória, pois tudo sempre foi ouvido com muito zelo. A personalidade do paciente interfere no tratamento e como sou muito falante, foi mais fácil, porém há muitas pessoas com bloqueios, por isso é fundamental que o terapeuta seja honesto sobre seu método e se realmente consegue compreender o seu caso. O respeito durante a terapia foi uma das chaves que me ajudou a olhar a minha dor por uma perspectiva que realmente me ensinasse caminhos para acabar com a minha agonia. O comportamento humano diante de situações principalmente afetivas é muito complexo, pois não temos o controle do sentimento do outro. Aceitar isso após um rompimento é difícil, porém olhar para si e se enfrentar é mais difícil ainda. A terapia é um meio que, quando seguido com empenho e capacidade de ouvir, realmente traz benefícios e te reconstrói como pessoa.
Na terapia você se torna guerreio de si mesmo e poder escolher e trilhar um caminho com ajuda traz um respiro e recupera o amor pela própria vida. A dor é inevitável, mas resolvê-la é uma escolha que pode ser trilhada com ajuda para o retorno a si mesmo.
Débora de Freitas Nazari é formada em Ciências Sociais pela PUC-SP, trabalha com comunicação social e é amante das Letras!