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Em Terapia

Por Arnaldo Cheixas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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O sexo acompanhado traz mais prazer que a pornografia

Embora a pornografia não seja em si algo ruim e prejudicial, a forma como ela acontece pode produzir prejuízos para quem com ela se envolve. Um homem de quase 50 anos me procurou queixando-se de que gasta demasiado tempo se masturbando e assistindo a filmes pornográficos na internet. Ele sofria com a compulsão por pornografia […]

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 25 fev 2017, 21h46 - Publicado em 6 out 2016, 16h14
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    Embora a pornografia não seja em si algo ruim e prejudicial, a forma como ela acontece pode produzir prejuízos para quem com ela se envolve.

    Um homem de quase 50 anos me procurou queixando-se de que gasta demasiado tempo se masturbando e assistindo a filmes pornográficos na internet. Ele sofria com a compulsão por pornografia desde sua adolescência. Foi se acostumando ao longo dos anos a satisfazer-se sozinho muito mais frequentemente do que na companhia de alguém.

    Habituou-se ao prazer solitário. Corria para o computador sempre que se frustrava diante de alguma situação malsucedida. A raiva e a ansiedade eram dispersadas na frente do monitor. A pornografia foi tomando uma parte cada vez maior de seu cotidiano.

    + Uma dica para superar a procrastinação

    Ele se viu cada vez mais distante das pessoas mais importantes de sua vida e, aos poucos, também foi deixando de estabelecer novos vínculos, fossem de amizade ou de amor. A masturbação, temperada com intermináveis cenas de mulheres sendo submetidas a todo tipo de humilhação sexual e – por causa da edição – com atores e atrizes exibindo um desempenho superestimado, fez com que meu paciente fosse se apegando cada vez mais e esta forma de dar resolução à sua energia sexual.

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    O resultado foi o isolamento social, o sentimento de culpa, lesões no pênis causadas pela masturbação compulsiva, demissão do trabalho em um problema judicial gerado por um mal entendido no condomínio em que mora.

    É importante destacar que, embora a pornografia tenha sido a causa imediata dos prejuízos citados, ela não é a causa original. Pelo contrário, a pornografia, ela própria, foi consequência de uma profunda lacuna de afeto na vida desse homem, bem como de uma educação proibitiva que negava e invalidava sua sexualidade. O chato é que a pornografia, mesmo sendo consequência de um problema anterior, passa a ser causa por si só de novos problemas mencionados anteriormente.

    É o mesmo que que acontece nos casos do álcool e outras drogas, que começam a ser consumidas em excesso por alguém por não estar bem e depois passam a ser causas de novos problemas. Ou seja, pornografia e drogas, quando começam a ser consumidas como consequências de um problema prévio, passam a ser causadores de novos problemas que tendem a se tornar crônicos e arruinar a vida da pessoa.

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    + Dicas para evitar crises de ansiedade e pânico

    O grande desafio na interrupção do consumo de pornografia é que (novamente assim como no caso das drogas) ela produz um efeito prazeroso imediato ou o alívio de um estado de significativa ansiedade. Quebrar esse padrão não é fácil e exige suporte. Esse suporte pode vir de psicólogos, médicos e familiares.

    Meu paciente vem aprendendo novas formas de interagir e está conseguindo aos poucos estabelecer mais vínculos. Está descobrindo aspectos muito prazerosos da interação social e também que as dificuldades e atritos são naturais nos vínculos e, quando bem trabalhados, são facilmente superados e podem até fortalecer aquela relação.

    O caminho para descobrir o prazer na companhia de outra pessoa é mais longo do que o caminho do prazer imediato alcançado com a pornografia mas, ao se permitir percorrer esse caminho mais longo, ele se torna cada vez mais prazeroso e surpreendentemente mais rico de possibilidades.

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