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O Sexo e A Cidade

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Histórias, novidades e estratégias dos empresários do mercado erótico em São Paulo

Ex-vendedora de pastel dá guinada na vida como dona de sex shop

Uma das pioneiras do ramo, Maisa Pacheco celebra os 21 anos de sua loja na Rua da Consolação (com trocadilhos, como ela ressalta)

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 24 jun 2019, 12h46 - Publicado em 19 jun 2019, 18h58
Maisa Pacheco (Divulgação/Veja SP)
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Maisa Pacheco tinha 24 anos quando recebeu uma proposta inusitada de um empresário, um amigo de um amigo, em 1998. Na época, ela era ambulante, vendia pastel e caldo de cana nas ruas da Vila Mariana. “Você tem um alto astral e se comunica muito bem. Que tal ser vendedora e sócia na minha sex shop?”, ele disparou.

Cansada de fugir do “rapa”, sem condições de cursar uma faculdade (ela só completou o Ensino Médio), separada e mãe de Camila, com 6 anos na época (hoje, lutadora de muay thai), ela topou administrar a Delírio e Ponto, empreendimento na Rua da Consolação, 2504, perto da Avenida Paulista.

“Era um ambiente meio escuro, sombrio, mas ainda assim eu curtia. No início, fiquei com medo de assédio, mas percebi que os homens também entravam bem inibidos e acredito que tudo na vida é postura”, lembra. Em 2002, o empresário deixou a sociedade por um problema familiar e ela assumiu o negócio sozinha.

Aos poucos, o lugar foi se transformando de acordo com a demanda do mercado e hoje o local foi rebatizado com o seu nome. A indústria erótica, então muito baseada em fitas VHS e revistas, acabou migrando para a internet. Com isso, empreendedores começaram a desenvolver produtos para as mulheres, um público completamente ignorado nesse meio até a década de 80. “Aí, acabei curtindo mais: a loja ficou mais clean“, conta Maisa, que recebe em média cinquenta pessoas por dia em seu negócio, com um tíquete médio de 100 reais.

De tanto trabalhar, há meses Maisa está solteira. “Homem é ciumento, controlador e atrapalha nossa vida profissional. Além disso, por trabalhar no ramo, os caras acham que sou performática, que ‘pulo do lustre’ durante o sexo e, no fim das contas, sou apenas mais uma mulher que curte carinho na cama”, conta.

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Focada na vida profissional, ela se prepara para dar palestras sobre empreendedorismo no país. “Tenho quase 90 000 seguidores no Instagram e recebo muitas perguntas a respeito”, diz.

maisa pacheco livro
(Reprodução/Veja SP)

Além disso, a profissional se prepara para lançar até o fim do ano a continuação do livro Bastidores do Sex Shop, que teve a primeira edição impressa em 2017. A obra conta o dia a dia de sua loja. Tem todo tipo de histórias: muitas mulheres que descobrem seu corpo (e o prazer que ele pode proporcionar) graças ao universo dos “brinquedinhos”.

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A seguir, alguns trechos mais picantes do livro em circulação:

  • “Foi então que a esposa bateu os olhos na boneca inflável debaixo de seus braços. Não sabíamos se ríamos ou se contornávamos a situação. Se antes ela estava brava, agora, estava a ponto de matá-lo. Agradecemos a nossa lei, que não permite armas de foto, pois nesse caso, haveria um assassinato em plena luz do dia, na região da Paulista. (…) Ela saiu andando louca da vida, inconformada por ser traída com uma boneca, taxando o marido de louco, maníaco e doente. Ele acabou largando a (boneca) Valquíria toda suja de esperma, correu atrás de sua esposa. Daquela vez, não se importou em pedir ao Lu (o segurança da área de masturbação da loja), para guardá-la.”
  • “Você sabia que os dias de grande movimento nos sex shops, em geral, não são os fins de semana como muitos imaginam? Não é sexta-feira, nem sábado e muito menos domingo. Um fato extraordinariamente desconhecido, que quase ninguém sabe, senão os amantes, é que existem os dias certos para traições. E isso acontece em dias comuns da semana, segunda-feira e terças, especificamente. Homens e mulheres que possuem famílias, pessoas que são bem casadas, e tem dias estipulados para traírem seus cônjuges. Geralmente passam os fins de semana com a família e nas segunda e terças saem para a caça, lotando os sex shops.”
  • “Abriu sua perna e mostrou sua vagina pequena, micro vagina para ser mais clara. Uma vagininha pequenininha. Parecia de brinquedo. Ela abriu com os dedos, peguei uma caneta Bic, e disse-lhe, muito feliz, com entusiasmo: ‘Aqui, aqui, veja. Olha ele aqui, escondidinho. Achamos o diabo do seu clitóris, mulher. Veja, você tem!’ Indicava para ela com a caneta, ela sorriu e se descobriu naquele momento.”
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