Nesta semana, 31 artistas se uniram para lançar a campanha Obscenografica, contra a censura e o moralismo nas artes eróticas.
O manifesto diz que o movimento começou com uma conversa entre eles. Perceberam uma onda de censura a exposições e performances no Brasil. Citam a mostra Queermuseu (uma mostra com obras eróticas); a performance La Bête, de Wagner Schartz, na qual o artista ficava nu diante de uma plateia de diversas faixas etárias no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM); a peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, apresentando um Jesus transexual; e outros casos ocorridos entre 2017 e 2018.
Ao mesmo tempo, os artistas perceberam um avanço de movimentos considerados retrógrados, “clamando por heteroafirmação, pela família cristã, pelo embranquecimento da sociedade, pela cura gay, pelo machismo”.
Vinni Corrêa, poeta que estava idealizando o projeto, teve a ideia de expandi-lo para um manifesto pela liberdade de expressão e que abarcasse a luta pelos direitos civis, pela igualdade de gênero e etnia. Aderiram ao movimento — além dos poetas, cartunistas, contistas, artistas plásticos, fotógrafos e performistas — 25 artistas brasileiros, entre eles, Laerte, Veronica Stigger, Camila Soato, Glauco Mattoso, Bia Leite, Fabio Baroli. Há também artistas de outros países: Frida Castelli (Itália), Oliviero Lazzerini (Itália), Nadia Wamunyu (Quênia), Nayra Martin Reyes (Espanha), Laurent Benaim (França) e Ruddy Travaglini (Martinica).
“E a arte tem papel fundamental na forma como um povo pensa e se exprime, na maneira como uma sociedade estabelece sua cultura. A arte tem esse poder. E, por isso, querem calá-la! Não o farão se depender de nós, se depender da sua ajuda para imprimirmos esse manifesto e espalhá-lo pelo mundo. Só pelo fato de estarmos aqui divulgando essa campanha de financiamento coletivo já é uma forma de mostrarmos ao mundo que estamos resistindo com todas as armas, ‘pedras, noites e poemas’, pois todas são boas, como disse Paulo Leminski.“, ressalta o manifesto, assinado por todos os artistas.
O projeto é sem fins lucrativos. Cada artista doou seus trabalhos para compor esse manifesto. Toda a arrecadação será destinada à edição de um livro e à realização de um evento, que ainda não foi marcado.
A meta é 35 400 reais até dia 25 de outubro. Até agora, só há 200 reais.
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