Seul parece ter duas missões em suas maiores empreitadas urbanísticas: valorizar áreas decadentes para atrair turistas e investimentos, e, especialmente, atualizar parte da indústria manufatureira, que foi potência nos anos 70 e 80, antes de a China abraçar o capitalismo e levar muitas linhas de montagem para lá. Um projeto que une ambos os objetivos acontece em Sewoon. Uma espécie de Santa Ifigênia local, o bairro reúne fabriquetas e lojinhas de eletrônicos desde a década de 60, em uma região hoje detonada.
A prefeitura decidiu instalar um polo de manufatura moderna em meio a galerias já esvaziadas de um grande mercado de eletrônicos. Com startups, muitas impressoras 3D, um laboratório de fabricação digital (“fablab”) — o ecossistema da chamada cultura maker. Enquanto a velha e a nova indústrias se aproximam e aprendem uma com a outra, Sewoon se valoriza (o que ajuda a arrecadação municipal). Antes dessa iniciativa, o bairro já tinha sido beneficiado pela demolição de um Minhocão sul-coreano e pela transformação do Tamanduateí deles, o Riacho Cheonggyecheon, em parque linear. Diversos prédios surgiram aproveitando a vista do novo rio — o boom imobiliário rendeu mais IPTU e empregos, como a prefeitura de lá desejava.