Pesquisas internacionais confirmam: onde é mais fácil, seguro e estimulante caminhar, as pessoas andam mais. Onde sair a pé é um martírio, quem pode recorre ao carro. Quando a pandemia for controlada, é natural que muita gente volte a bater perna, então vale destacar a boa experiência desta passagem entre a Rua da Consolação e a Avenida Angélica, perto da Paulista, aberta em 2018.
O prédio em questão, projeto do escritório Aflalo Gasperini, abriga um centro de startups financiado pelo Bradesco, o InovaBra, e tem comércio no térreo. Ao contrário de outras incubadoras de empresas digitais por aí, ilhadas na Vila Olímpia, sem muito transporte público à mão, o InovaBra está próximo do metrô e da ciclovia, e tem corredor de ônibus na porta, em uma área de alta densidade habitacional. Contrasta com a arquitetura canhestra dos corporativos da Angélica, do pior pastiche neoclássico.
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Mas é a gentileza com o pedestre que sobressai. Quarteirões compactos e de tamanhos previsíveis, como os de Manhattan ou Buenos Aires, estimulam o pedestre a andar mais. Aqui, onde cada quarteirão é uma surpresa, essas passagens são bem-vindos atalhos. Nos anos 1950, o prefeito Toledo Piza incentivou o formato, o que nos rendeu galerias como a do Rock e a Nova Barão. Por muitos anos, as leis municipais dificultavam essa solução. Que voltem, e com força.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 29 de abril de 2020, edição nº 2684.
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