Promessa de campanha do ex-prefeito e atual governador João Doria (PSDB), a retirada dos camelôs da Marginal Tietê não foi feita por seu sucessor, Bruno Covas, do mesmo partido, um ano e meio depois da troca de comando na cidade. Na última quarta-feira (16), por exemplo, por volta das 10h20, a reportagem da Vejinha contou 102 ambulantes vendendo produtos na pista expressa da via, no sentido Ayrton Senna, entre a saída do Cebolão e a Ponte da Freguesia.
Nos últimos meses, a forma de atuação dos camelôs, que comercializam bebidas, comidas e até cabos para celulares (muitos aceitam pagamento com cartão), tem mudado, causando mais riscos de acidentes. Se antes o trabalho ficava limitado aos acostamentos e canteiros, de preferência em pontos clássicos de lentidão, agora muitos desafiam o perigo atuando no meio das faixas de rolamento, mesmo em trechos em que o tráfego flui normalmente, inclusive com a presença de caminhões pesados.
Na pista expressa, cuja velocidade máxima é 90 quilômetros por hora para veículos de passeio, a circulação de motos é proibida, o que facilita a presença dos vendedores. Na última quarta, por pouco uma simples compra não vira confusão. Irritado com a parada do carro da frente, o motorista de um utilitário buzinou de forma sistemática e houve xingamentos mútuos.
A ousadia de muitos camelôs pode ter iniciado uma curva perigosa nas estatísticas. Em 2019, entre janeiro e agosto, a plataforma digital Infosiga, criada pelo governo do estado e que compila acidentes de trânsito em São Paulo, apontou oito atropelamentos na Marginal Tietê, no sentido Ayrton Senna, com duas mortes. No ano passado, não foi registrado nenhum acidente desse tipo nesse mesmo trecho da via.
Em nota, a prefeitura afirma que faz vistorias diárias e apreensões constantes na Marginal Tietê. Confira a resposta completa:
“A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que o programa Marginal Segura faz, diariamente, vistorias por toda a extensão das marginais, a fim de fiscalizar o comércio ambulante. Desde o início do programa, em maio de 2018, foram realizadas 1119 abordagens com 5.504 lacres apreendidos.
A fiscalização das marginais é de responsabilidade da Superintendência das Usinas de Asfalto (SPUA), que também executa trabalhos em grandes corredores e vias como o Minianel Viário e a Bandeirantes. As ações de combate ao comércio ilegal nas vias públicas da cidade têm sido intensificadas.
Para isso, foram contratadas 100 equipes de serviços de apoio e fiscalização de comércio ambulante, que começaram a atuar em agosto deste ano. Deste total, 45 equipes estão disponíveis para prestação de serviços de SPUA, reforçando o trabalho nas marginais Pinheiros e Tietê. A contratação das equipes é um dos objetivos do Programa de Metas 2019/2020, que prevê a ampliação e qualificação das ações de fiscalização de comércio ilegal nas ruas. O trabalho é realizado com auxílio da Polícia Militar e/ou da Guarda Civil Metropolitana.”
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