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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Prefeitura planeja transporte por barcos na represa de Guarapiranga

Enquanto aguarda aval para começar o Aquático-SP na Billings, gestão inicia nova proposta que ligará o bairro Jardim Vera Cruz à Avenida Atlântica

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 mar 2024, 06h00
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Uma das embarcações do Aquático-SP durante fase de testes. (Leo Martins/Veja SP)
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Apesar do atraso para inaugurar o primeiro sistema de transporte público sobre águas de São Paulo, o Aquático-SP, na Represa Billings, a prefeitura já começa a tirar do papel uma ideia ainda mais ambiciosa: uma travessia por barcos na vizinha Guarapiranga. Com cerca de 11 quilômetros de extensão — o da Billings, previsto inicialmente para setembro do ano passado, irá percorrer só 3 quilômetros —, o novo projeto aquaviário vai ligar o bairro Jardim Vera Cruz, quase na divisa com Itapecerica da Serra, à Avenida Atlântica, próxima à Ponte do Socorro e com diversas opções de transporte público no entorno.

De ônibus, o trajeto leva atualmente ao menos uma hora e meia e passa por quase toda a Estrada do M’Boi Mirim, uma das mais extensas da metrópole. Com a nova proposta, a travessia durará por volta de meia hora. O projeto da Guarapiranga está no começo. A prefeitura ainda analisa questões como o mapa das estações e o local exato de embarque e desembarque na ponta final do trajeto, em Interlagos.

No outro extremo, o espaço escolhido foi o Clube Náutico Guarapiranga, no final da Avenida dos Funcionários Públicos, área de mais de 300 000 metros quadrados que pertence à prefeitura (veja o mapa abaixo). A expectativa é que o sistema esteja pronto para a navegabilidade até o fim do ano. “Usaremos a experiência do Aquático da Billings, que começou do zero, para replicá-lo na Guarapiranga”, diz o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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Trajetos dos transportes por barco (Arte/Veja SP)

Prevista em lei sancionada na gestão de Fernando Haddad, em 2014, a proposta do sistema de transporte aquaviário é de autoria do próprio Nunes, que foi vereador por dois mandatos. A ideia, porém, nunca tinha saído do papel. “Quando Paulo Skaf foi candidato ao governo, em 2014, o projeto foi colocado nos planos dele, mas Skaf não foi eleito. Depois, conseguimos incluir o texto na revisão do Plano Diretor e em outras legislações, mas só com o Bruno Covas a ideia deslanchou”, diz o prefeito — o tema acabou incluído no Plano de Metas da prefeitura em 2021, época em que Nunes era vice-prefeito.

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Prestes a ser anunciada oficialmente, a empreitada na Guarapiranga provoca alguma inquietação em quem utiliza o manancial. “O projeto é bem-vindo, mas os barcos precisarão ser bem menores, pois uma embarcação grande, como a da Billings, vai atrapalhar a vida que a represa ainda tem”, diz um especialista na Guarapiranga que pediu anonimato. Ele se refere, por exemplo, aos diversos campeonatos náuticos que ocorrem ali. “Até agora a prefeitura não procurou nenhum dos clubes ou das doze marinas do reservatório”, diz.

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Para o prefeito, o novo transporte é compatível com a represa, o que seria respaldado por estudos. “Cabe todo mundo na Guarapiranga, o projeto não vai prejudicar ninguém”, ele afirma. Enquanto inclui o Aquático-SP da Guarapiranga na lista de projetos a saírem do papel, a gestão municipal aguarda uma autorização da Marinha para iniciar os testes do barco “irmão”, na Billings, prometido para setembro passado e depois postergado. A expectativa é que o aval saia até o final de março, o que vai permitir o início da operação de testes do projeto.

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Até lá, a estação localizada no bairro da Pedreira deve ficar pronta. Do local, sairá uma linha de ônibus elétricos para o Terminal Santo Amaro. Na sexta-feira (23), Vejinha esteve no terminal Pedreira e embarcou no Aquático-SP, ancorado em um acesso da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que cedeu um terreno para abrigar a estação.

Por fora, o barco se parece com outros catamarãs fechados. Por dentro, a sensação é de estar em um ônibus comum, porém mais largo. Com sessenta poltronas, o Aquático-SP tem espaço para três cadeiras de rodas e seis bicicletas, além de wi-fi e ar condicionado (quente e frio).

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O interior da embarcação que possui sessenta lugares (Leo Martins/Veja SP)
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Em um outro barco, a reportagem seguiu até a estação Cantinho do Céu, que está pronta e aguarda os novos passageiros e tripulantes. Dali sairão linhas de ônibus que integrarão a região aos bairros adjacentes. Quando começar a operar, o Aquático-SP da Billings terá duas embarcações (a segunda está sendo construída) e vai funcionar das 6h às 20h, todos os dias da semana.

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Estação Cantinho do Céu, próxima ao terminal de ônibus (Leo Martins/Veja SP)

Tema de preocupação de especialistas e frequentadores da Billings, a navegabilidade em períodos de seca não será um problema, afirmam os técnicos da prefeitura. Para a construção das embarcações, foram feitos estudos sobre a profundidade do reservatório nas últimas décadas e, segundo a gestão municipal, os dois barcos conseguiriam passar pelo trajeto mesmo durante as maiores secas históricas.

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Publicado em VEJA São Paulo de 1º de março de 2024, edição nº 2882

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