No dia 10 de dezembro de 1973, no auge do regime militar no país, o cantor e compositor carioca Jards Macalé organizou um show no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participaram do evento, entre outros, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gal Costa e Raul Seixas. A ideia era celebrar os 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Durante a apresentação, que estava sendo registrada, artigos do documento eram lidos e o clima ficou tenso devido ao cerco montado pelo exército do lado de fora do espaço. A gravação resultou no disco O Banquete dos Mendigos, logo censurado. Apenas em 1979 a distribuição do álbum duplo foi liberada. Para lembrar os quarenta anos do LP, Jards Macalé recebe convidados em duas noites no Sesc Vila Mariana. Na terça (16), comparecem Zeca Baleiro e Walter Franco. Thaís Gulin e Jorge Mautner reforçam a escalação de quarta (17). Um sexteto faz o acompanhamento.
Confira outro discos lançados há 40 anos:
– João Gilberto – João Gilberto (1973): também conhecido como o álbum branco – trata-se de uma referência ao álbum branco dos Beatles, de 1968 -, o trabalho essencial da discografia do precursor da bossa nova. Registrado nos Estados Unidos, traz Miúcha nos vocais de Izaura, além de composições de Caetano Veloso e Gilberto Gil: Avarandado e Eu Vim da Bahia.
– Tim Maia – Tim Mais (1973): Disco que antecede a fase racional, Tim Maia (o quarto da carreira) ganhou as rádios como Gostava Tanto de Você e Réu Confesso.
– Matita Perê – Tom Jobim (1973): o início das gravações desse disco foram no Rio de Janeiro, mas, insatisfeito com aqualidade técnica da época, Tom Jobim optou por registrar o trabalho nos Estados Unidos. Apesar de já ter sido lançada, em 1972, no Disco de Bolso, encarte do jornal O Pasquim, Águas de Março entrou em duas versões (português e inglês). Ana Luiza e Crônica da Casa Assassinada também integram a obra.
– Elis – Elis Regina (1973): Primeiro disco lançado após a separação de Ronaldo Bôscoli, Elis marca uma nova fase na carreira da cantora gaúcha, muito mais sofisticado. Entre as mudanças está a retirada da orquestra de cordas. Na lista, Agnus Sei e É Com Esse Que eu Vou.
– Todos os Olhos – Tom Zé (1973): o disco tem uma das melhores capas da música brasileira. A história é conhecida: em plena ditadura, Tom Zé driblou a censura e colocou um ânus na capa do LP. Mas logo após o lançamento, iniciou o período em que o baiano de Irará ficou no ostracismo.
Secos & Molhados – Secos & Molhados (1973): o disco de estreia do grupo teve uma tiragem inicial de 1500 cópias. A aparição da banda no Fantástico, contudo, despertou o interesse pela ousadia e transgressão dos integrantes. Uma nova remessa do trabalho, que lista Sangue Latino, O Vira e Assim Assado, precisou ser feita. Em um ano, 1 milhão de cópias foram vendidas. Dali sairia o nosso artista mais transgressor: Ney Matogrosso.
– Novos Baianos F. C. – Novos Bainos (1973): sucessor da obra-prima Acabou Chorare (1972), o LP ainda é reflexo do encontro com João Gilberto. O pop tropical do grupo, que a essa altura se mudou para um sítio em Jacarepaguá para viver em comunidade, resultou em Sorrir e Cantar Como Bahia, Só Se Não For Brasileiro Nessa Hora e Cosmos e Damião.