Um peça de quase seis horas dividida em duas sessões de dois intervalos cada uma caiu nas graças do público paulistano: foi vista por 22 000 espectadores e está na reta final. A Herança, adaptação do diretor Zé Henrique de Paula para o texto do americano Matthew López, fica em cartaz até 3 de setembro, após seis meses de temporada entre o Teatro Vivo e o Raul Cortez.
O espetáculo mescla drama e comédia ao contemplar diferentes gerações de homens gays americanos e discutir questões políticas e sociais. Prestes a ser despejado, Eric (Bruno Fagundes), dentro de uma turbulenta relação com o dramaturgo Toby (Rafael Primot), se aproxima do jovem ator Adam (André Torquato) e de um casal de homens mais velhos, Walter (Marco Antônio Pâmio) e Henry (Reynaldo Gianecchini), que viram os amigos morrerem durante a epidemia da Aids nos anos 80 e 90.
É como se o enredo nascesse no palco: durante as cenas, os atores que não participam da ação observam os colegas atuarem e depois discutem os rumos da trama com o escritor britânico E. M. Forster (Pâmio), uma inspiração do autor.
A fila de boas interpretações, sobretudo de Pâmio e Torquato, é puxada pela participação da veterana Miriam Mehler, que faz um solo de arrancar lágrimas da plateia.
(210 min., parte 1; 150 min., parte 2; ambas com intervalos) 18 anos. Teatro Raul Cortez. Rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista. → Qui. e sáb, 20h (parte 1); sex., 20h, e dom., 18h (parte 2). R$ 100,00. Até 3/9. fecomercio.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de agosto de 2023, edição nº 2853.