Verdade seja dita, o ator Paulo Gustavo conquistou o feito de se tornar um ídolo popular apoiado em seu trabalho no teatro. Recebido pela plateia com gritos e aplausos parecidos com os que são destinados a um pop star, ele, felizmente, ganhou autoconfiança para não se acomodar em fórmulas certeiras.
Depois do monólogo cômico Minha Mãe É uma Peça, do stand-up Hiperativo e dos esquetes de 220 Volts, o artista escreveu ao lado de Fil Braz a comédia Online, que revela sua vontade de contar uma história longa com começo, meio e fim. Gustavo surge no palco como o próprio, um artista obcecado por tecnologia e incapaz de viver sem o celular ao alcance das mãos. Fotografias e vídeos no Instagram, recados no Twitter, postagens no Facebook, enfim, o cara não se desconecta um minuto, e, algumas vezes, o excesso de interação atrapalha seu dia a dia.
A dramaturgia enfileira cenas curtas, que ganham uma unidade graças à direção de João Fonseca e, com ritmo ágil, arrancam gargalhadas do público. O protagonista enfrenta um assalto, consulta uma sensitiva, vive situações inusitadas em uma farmácia, em uma manifestação política, em um banheiro público e, por fim, precisa apresentar uma peça. Irônico consigo mesmo, o comediante percebe que passou tanto tempo ocupado que mal conseguiu preparar o espetáculo. E agora? Mesmo que seja o dono incontestável da cena, Gustavo divide o palco com outros sete atores que dão suporte às histórias, entre eles Danilo Sacramento, Izabella Bicalho, Rita Fischer e Pia Manfroni (70min). Estreou em 1º/4/2017.
+ Teatro Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2823, Jardim Paulista. Sexta, 21h30; sábado, 19h e 21h30; domingo, 18h. R$ 90,00 a R$ 150,00. IR. Até o dia 28.