Chegou a hora, chegou chegou… Há cinquenta anos, o teatro brasileiro descobriu o tropicalismo com a estreia de O Rei da Vela. A peça de Oswald de Andrade, escrita em 1933 e inédita até então, foi repescada pelo ator Renato Borghi e, sob a direção de Zé Celso Martinez Corrêa, causou comoção nos palcos. A montagem do Teatro Oficina marcou uma geração de criadores, como Caetano Veloso, Hélio Oiticica e Joaquim Pedro de Andrade, e inovou ao estabelecer um diálogo direto entre a provocação política e naturalidade debochada do povo brasileiro.
O tempo passou, O Rei da Vela virou clássico da resistência à ditadura militar e, a partir do dia 21, volta ao cartaz em uma nova versão dirigida pelo mesmo Zé Celso e protagonizado por Borghi. O cenógrafo Helio Eichbauer, da turma original, também se juntou ao grupo. O palco dessa vez será o do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, e a temporada se realiza aos sábados, às 19h, e domingos, às 18h, até 19 de novembro. Os ingressos, a R$ 50,00, começam a ser vendidos na terça (10) no site do Sesc SP, a partir das 16h30, e, no dia seguinte, às 17h30, nas bilheterias das unidades do Sesc.
Em cena, o banqueiro Abelardo I, o Rei da Vela, e seu domador de feras, o empregado Abelardo II, subjugam clientes devedores em uma jaula. Burguês, Abelardo faz um negócio para a compra de um brasão: casar com Heloísa de Lesbos, que se negocia como valiosa mercadoria para manutenção da família, falida pela crise do café. Abelardo I, submisso ao capital estrangeiro, leva um golpe de Abelardo II, que se torna o seu sucessor na manutenção da usura do vil metal.
Além de Borghi e Zé Celso, no elenco aparecem os atores Marcelo Drummond, Camila Mota, Danielle Rosa, Elcio Nogueira Seixas, Joana Medeiros, Regina França, Ricardo Bittencourt, Roderick Himeros, Sylvia Prado, Tony Reis, Tulio Starling e Vera Barreto Leite.
Em março desse ano, para comemorar os 80 anos de Borghi e Zé Celso, a VEJA SÃO PAULO provocou um reencontro entre os dois velhos parceiros. E tudo (re) começou…