No palco do Teatro Procópio Ferreira, estreia nesta sexta (1º) a comédia musical Conserto para Dois, protagonizada pelo casal Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello. O texto, de Ana Toledo, narra o romance do escritor Angelo Rinaldi com a atriz Luna De Palma. De uma separação turbulenta, a história desemboca no perdão à beira da morte, durante uma viagem no cruzeiro Sinfonia dos Mares.
O conflito marital parece nascido dos relatos de casais se esfacelando durante a pandemia, mas não: foi escrito antes da crise sanitária. “É engraçado porque, quando levamos a peça no começo de 2020 para Lisboa, ficamos muito grudados e pensamos, quando voltamos, vai cada um fazer suas coisas para dar uma arejada”, relembra Jarbas, sem saber que o mundo entraria em estado de suspensão por causa do coronavírus.
“De repente, o que aconteceu quando estávamos em Portugal foi uma preparação para o que viveríamos aqui, mas junto com meus filhos. Nunca tinha convivido tanto com a Sofia e com o Enzo. Isso, um ano antes de ela embarcar para Nova York, em 2021, para estudar”, acrescenta Claudia.
Há na peça ainda outros oito personagens, também interpretados pela dupla, que se reveza em uma espécie de maratona, com trocas de roupas em segundos. Também chama a atenção na montagem o vai e vem do tempo. Se o figurino e o cenário parecem beber da década de 40 de Hollywood e do art nouveau, as falas têm expressões das redes sociais — “amada”, “tô passada”, “cola em mim que é sucesso”, e por aí vai.
Há que falar igualmente de um momento de celebração da comunidade LGBTQI+, o que pode vir a surpreender algumas pessoas que pensariam que a atriz deixaria temas urgentes para trás depois de ver, em 2018, o projeto do qual estava à frente, no teatro do Complexo Aché Cultural, ser cancelado após ter postado um vídeo com a hashtag #elenão. Passado o episódio, que a deixou em uma situação desconfortável com os profissionais que havia levado para lá, Claudia deixa claro: “Quando houver necessidade, como cidadã, não como atriz, vou me posicionar”.
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Publicado em VEJA São Paulo de 6 de outubro de 2021, edição nº 2758