A história das rainhas rivais Mary Stuart, da Escócia, e Elizabeth I, da Inglaterra, no século XVI, foi contada em 1800 pelo poeta alemão Friedrich Schiller em Mary Stuart. Nesta sexta (19), estreia na capital mais uma versão da peça, a partir da adaptação do inglês Robert Icke, que atualizou a dramaturgia em 2016 para os palcos londrinos.
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Virginia Cavendish faz o papel-título, presa na masmorra horas antes da morte, e Ana Cecília Costa, o da prima monarca, em seu palácio. A montagem é dirigida pelo encenador Nelson Baskerville, que busca trazer um clima noir, com figurinos de referências ao passado — mas com um pé no contemporâneo — e um texto que não deixa de dialogar com o presente. O elenco conta ainda com Chris Couto, Genézio de Barros, César Mello, Fernando Pavão, Joelson Medeiros, Iuri Saraiva, Fernando Vitor, Alef Barros e Letícia Calvosa (110 min). 14 anos.
Teatro do Sesi-SP. Avenida Paulista, 1313. ♿ Qui. a sáb., 20h. Dom., 19h. Grátis (reservas pelo site sesisp.org.br/eventos). Até 27/11.
3 perguntas para Virginia Cavendish
A atriz, que tem exercitado as cordas vocais para interpretar o texto parrudo e de diálogos vigorosos, conta sobre como é dar vida à personagem da realeza.
Muita gente diz que Mary Stuart tem os papéis dos sonhos para muitas artistas. Você concorda?
Tem dois personagens femininos muito grandes e importantes e, por isso, muito desafiadores. A gente precisa muito — e não só no teatro, mas na TV, no cinema — aumentar ou igualar, que seja, a quantidade de personagens interessantes para mulheres na dramaturgia mundial e brasileira. E, nessa peça, estou entendendo que o ator tem de ser um atleta no palco.
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Essa história já teve diferentes versões no Brasil e no mundo. Você procurou referências ou tentou se afastar delas para compor o papel?
Sempre busco tudo o que posso em outros trabalhos que sirvam ao meu. Vou fazendo o meu, e o que for bom e me servir vou usar. Vejo tudo e leio tudo o que puder. Gosto dessa parte de pesquisa, de história, de entender como os atores trabalham. Vi filmes, vi série, estou acabando de ver o filme com a Vanessa Redgrave e a Glenda Jackson… E sabe que peça eu não vi? Faço essa peça em homenagem à Xuxa Lopes (que atuou na montagem de Gabriel Villela, de 1996).
O que tem de atual na peça?
Os clássicos são atuais porque não ficam perdidos na história do tempo. Ela é atual porque fala de conspiração, de luta pelo poder, de um golpe — quantas vezes na história recente do Brasil não temos vivido isso? E, no mundo, vemos homens que mudam as leis para se manter no poder.
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Publicado em VEJA São Paulo de 24 de agosto de 2022, edição nº 2803