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Na Plateia

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Indicações do que assistir no teatro (musicais, comédia, dança, etc.) por Laura Pereira Lima (laura.lima@abril.com.br)

Imperdível, “Baixa Terapia” é tratamento de riso e choque

A comédia, protagonizada por Antonio Fagundes, surpreende o público com trama sobre três casais

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 19 abr 2018, 17h52 - Publicado em 30 mar 2017, 15h27
Baixa Terapia: Ilana Kaplan (de cinza e rosa) concorre a melhor atriz (Caio Gallucci/Veja SP)
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A comédia popular é um gênero capaz de agradar facilmente a grandes plateias, com piadas certeiras e situações previsíveis. Pode, no entanto, ser uma cilada em que o espectador mais exigente se sinta depreciado e torça o nariz sem interesse pelo que virá pela frente. O ator e produtor Antonio Fagundes foi perspicaz em relação ao seu público potencial. A comédia Baixa Terapia, do argentino Matias Del Federico, é um espetáculo aparentemente digestivo. Aos poucos, porém, sugere pistas surpreendentes. O resultado final choca os mais ingênuos. Três casais se encontram para uma consulta com a psicóloga em um lugar neutro. Por lá, descobrem que a terapeuta não vai aparecer, e eles mesmos darão prosseguimento à sessão coletiva.

Os cinquentões Ariel e Paula (interpretados por Fagundes e Mara Carvalho) discordam tanto que nem se lembram mais dos tempos de felicidade. Na faixa dos 40, Roberto e Andrea (representados por Fábio Espósito e Ilana Kaplan) enfrentam traumas recentes, como a morte da mãe dela e a perda do emprego. O jovem Estevão (vivido por Bruno Fagundes), por sua vez, não entende o motivo pelo qual Tamara (papel de Alexandra Martins), sua namorada, adia a decisão de dividir com ele o mesmo teto.

Os conflitos pontuais tomam proporções absurdas e, sob a direção de Marco Antônio Pâmio, o elenco, afiadíssimo, se joga sem medo do ridículo. Todos os seis têm bons momentos, e Fagundes, generoso, jamais se impõe como o dono da festa. Bruno, Alexandra e, especialmente, Mara ampliam as questões iniciais dos personagens, fugindo de qualquer excesso. O destaque, no entanto, fica com Espósito e Ilana, em caracterizações que transitam entre o trágico, o cômico e o dramático. À medida que os problemas de Roberto e Andrea são desvendados, o público aceita o riso nervoso e se prepara para uma virada que se anuncia na trama. A plateia até leva um choque nas últimas cenas, mas sai do teatro com a certeza de que viu uma comédia popular e inteligente (90min). Estreou em 17/3/2017.

+ Tuca. Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes. Sexta, 21h30; sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 100,00. IR. Até 22 de abril.

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