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“Gritos” em Brasília: “Temo que peça seja alvo de censura”, diz diretor

Órgão da Presidência da República pediu material detalhado sobre espetáculo da companhia Dos à Deux, que tem uma travesti entre os personagens

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 13 set 2019, 18h47 - Publicado em 13 set 2019, 16h29
'Gritos': espetáculo da companhia Dos à Deux (Renato Mangolin/Divulgação)
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O espetáculo Gritos, da companhia Dos à Deux, virou centro de uma polêmica. A temporada na Caixa Cultural de Brasília, prevista para se realizar entre os dias 19 e 22 desse mês, estaria congelada por causa de um segundo pedido de análise da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em relação ao conteúdo. A peça estreou no Rio de Janeiro em novembro de 2016, chegou a São Paulo em março do ano seguinte e correu parte do país. Nos dias 30 e 31 de outubro, Gritos ganha os palcos alemães, com sessões agendadas em Berlim.

A companhia Dos à Deux, fundada em 1998 pelo paulistano André Curti e pelo angolano criado no Rio de Janeiro Artur Luanda Ribeiro, monta espetáculos coreográficos, que ainda recorrem ao uso de máscaras e à manipulação de bonecos. Gritos apresenta três histórias sobre o amor. Em uma delas, uma travesti, que vive com a mãe doente e dependente dos seus cuidados, sonha com a aceitação social.

+ Leia a crítica do espetáculo “Gritos”.

Há uma semana, a Secom entrou em contato com a Caixa Cultural em busca de maiores esclarecimentos sobre essa sinopse. Foram enviados, além de um novo e mais detalhado release, reportagens e críticas publicadas na imprensa durante a bem-sucedida carreira da montagem. “Temo que a peça seja alvo de censura, todo mundo fala que agora existe uma censura velada”, afirma Artur Luanda Ribeiro, ator e um dos diretores do grupo. “Na primeira cena, estou nu na representação de uma travesti, talvez algum funcionário da Secom tenha visto vídeos no youtube e concluído que o projeto não está de acordo com o que governo pretende mostrar.”

Até a tarde de sexta (13), Ribeiro aguardava um comunicado oficial da Caixa Cultural para autorizar o caminhão que transporta os cenários deixar o Rio de Janeiro rumo a Brasília. “Enquanto isso uma equipe de três técnicos, dois atores e um produtor fica sem saber se poderá trabalhar na próxima semana”, diz Ribeiro, que também ainda não assinou o contrato. O ator e diretor, no entanto, confirma o empenho da Caixa Cultural para manter a temporada de Gritos, assim como a de Aux Pieds de la Lettre, outra peça da companhia, prevista para entrar em cartaz na sequência. Procurada pela reportagem, a Caixa Cultural de Brasília disse que a contratação da Cia. Dos à Deux ainda não foi concluída, estando em fase de análise e definição das atividades.

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