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Domingos Montagner: “Meus filhos adoram ter um pai palhaço”

Popularizado pela televisão, o paulistano Domingos Montagner, de 50 anos, mostra ao público um palhaço diferente do estereótipo. Ao lado de Fernando Sampaio e Fernando Paz, o ator protagoniza a comédia “Mistero Buffo” de cara limpa, camiseta branca e sem o nariz vermelho. E mesmo quem for ao Teatro do Sesi para ver o cangaceiro […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 12h32 - Publicado em 27 abr 2012, 20h23
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Domingos Montagner: na época da novela “Cordel Encantado” (Foto: Fernando Moraes)

Popularizado pela televisão, o paulistano Domingos Montagner, de 50 anos, mostra ao público um palhaço diferente do estereótipo. Ao lado de Fernando Sampaio e Fernando Paz, o ator protagoniza a comédia “Mistero Buffo” de cara limpa, camiseta branca e sem o nariz vermelho. E mesmo quem for ao Teatro do Sesi para ver o cangaceiro Herculano da novela “Cordel Encantado” ou o presidente Paulo Ventura da minissérie “O Brado Retumbante” não sairá desapontado.

Você percebe que muita gente vai ao teatro para ver o Domingos que elas conheceram na novela?

Acho que tem muita gente, claro, mas honestamente acredito que a maioria venha por causa do histórico do nosso trabalho em São Paulo. As pessoas que não me conhecem como palhaço e me procuram no camarim afirmam que foi uma surpresa agradável. A questão de fazer sucesso na televisão só me fez pensar que sempre estive no caminho certo.

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A Cia. La Mínima buscou para o espetáculo uma mensagem mais crítica e vinculada a temas sociais prevendo que teria uma plateia mais heterogênea?

A ideia era apresentar nossa visão do palhaço. E o palhaço originalmente é crítico e irreverente. Não gostamos da imagem excessivamente doce e melancólica ou mesmo da nostálgica. O palhaço não “foi” de uma determinada época. É uma figura atual e necessária. A plateia do Sesi é tradicionalmente popular e esse é o nosso tipo de teatro, o que nos interessa fazer e onde queremos estar. A comunicação atinge a todos.

+ Comédia “Mistero Buffo” foge do óbvio ao satirizar a exploração da fé

Por que buscar inspiração no dramaturgo italiano Dario Fo?

O Dario Fo é um ídolo. Ele presta uma reverência ao palhaço como poucos e, como ator, elevou essa arte a outro nível. Há tempos queríamos montá-lo e “Mistero Buffo” é a obra que mais se adapta para nossa linguagem.

As pessoas ficam surpresas por vê-lo fugindo do estereótipo do nariz vermelho e da maquiagem pesada?

Acho que a maioria do público tem essa referência porque é a imagem mais vinculada no Brasil. Mas temos o Charles Chaplin e o Buster Keaton lá fora. Por aqui, o Ronald Golias e o Costinha são exemplos. Todos grandes palhaços e sem maquiagem. Só é necessário mostrar para as pessoas que esta arte não precisa de artifícios.

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E essa proposta mais limpa é a busca da Cia. La Mínima?

Nós gostamos mais dessa forma. Preferimos explorar nossa própria máscara e nosso próprio físico. A máscara exagerada, assim como roupas mais produzidas, vem da necessidade de aumentar a figura e as expressões, no caso da apresentação em um grande circo, por exemplo.

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O ator e Fernando Sampaio na peça “Mistero Buffo” (Foto: Carlos Gueller)

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Ano passado você passou a conviver com uma imagem diferente, a de galã. Agora, fora do ar na TV, essa questão está mais esquecida pelo público?

Com certeza, pelo fato de estar fora de uma novela, isso ameniza um pouco. Mas mesmo quando estou no ar eu nunca deixo de ser palhaço. É uma construção de duas décadas que não escapa tão fácil assim. Na verdade, às vezes, tenho que cuidar para não espalhar o Agenor, que é meu nome de palhaço, no meio de uma cena. É controlar um gesto, um olhar.

Você fez uma novela, engatou uma minissérie e está escalado para “Salve, Jorge”, a próxima trama das nove. A televisão então vale a pena?

Sim, gostei muito de fazer televisão. Aprendi demais e consegui trazer coisas boas de lá para a minha companhia teatral. Eu exercitei outro tipo de representação, o que é ótimo e me deixa mais seguro. A televisão é um mercado onde é possível ser feliz e onde podemos fazer bons trabalhos. O que conta é a seriedade com que você encara a profissão. Sobre a novela da Glória Perez, “Salve, Jorge”, eu não sei quase nada. Vamos ter algumas reuniões em maio e começo a gravar em agosto.

Teria um projeto de teatro com a atriz Zezé Polessa, sua colega em “Cordel Encantado”, não?

A Zezé realmente me convidou para uma leitura da peça “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, do Edward Albee. Mas é um projeto para o ano que vem. Só não sei se seria possível fazer. Quando estou fora da TV quero me concentrar ao máximo no La Mínima.

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O que seus três filhos acham da profissão de palhaço?

Meus filhos adoram ter um pai palhaço. Eles nasceram praticamente no circo, dormiram em trailers e já entraram no picadeiro várias vezes. É curioso como eles ainda conservam a fantasia, mas entendem que é uma profissão.

A pior coisa para um palhaço é lançar a piada e não ouvir risada alguma?

É uma das piores. Quando isso acontece, sempre pensamos se o erro é nosso – o que é mais frequente – ou se a plateia não estava boa para aquela piada. Isso acontece. A boa piada de um dia não funciona no outro. Mas a pior coisa para um palhaço não é o silêncio. É ficar sem trabalhar.

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