“Antígona”, no Ágora: o remorso de Creonte
O ator Celso Frateschi é o destaque da montagem dirigida por Moacir Chaves

Ator de inegável discurso próprio, Celso Frateschi se caracteriza pela valorização das palavras escolhidas a cada trabalho encenado. Desta vez, sob a direção de Moacir Chaves, ele representa o autoritário Creonte, antagonista da tragédia grega Antígona, de Sófocles, aqui alçado ao primeiro plano da ação, em pé de igualdade com a personagem-título.
Na trama, a vigorosa Naruna Costa é Antígona, a filha de Édipo e Jocasta, capaz de enfrentar todas as resistências para garantir um enterro digno ao irmão Polinice, acusado de traidor do governo. Creonte, rei de Tebas e tio da moça, é irredutível e lança suas armas contra a jovem na ânsia de que ela mude suas posições. Só que, na atual montagem, é o déspota quem se vê obrigado a rever seus desmandos, mesmo que tarde demais, e amarga o remorso por um autoritarismo que respingou em sua família e não lhe trouxe ganhos.
Frateschi brilha, principalmente na reta final do espetáculo, quando sua reflexão atinge múltiplas leituras e pode ser transportada para questões contemporâneas. Destaque ainda para a participação do ator Pascoal da Conceição, que se divide em diversos personagens e, por vezes, funciona como a voz do povo oprimido (90min). Estreou em 18/8/2017.
+ Ágora Teatro. Rua Rui Barbosa, 672, Bela Vista. Quinta a sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 20,00. Até 1º de outubro.