O terceiro e último dia da oitava edição do Lollapalooza, o domingo (7) começou um pouco mais devagar no festival. Por volta das 13h, com o céu nublado, as pessoas ainda pareciam traumatizadas com o dia anterior, em que as atividades no autódromo foram suspensas por causa da forte chuva. Quem chegou lá por esse horário, não encarou muito trânsito ou filas – bem diferente da sexta e do sábado.
RAP NO PALCO PRINCIPAL
Um dos primeiros a reunir o público foi o rapper BK’. Acompanhado de Juye e Jonas Profeta, ele entoou os versos de faixas como Castelos e Ruínas, Gigantes e Vivos. O cantor chamou atenção para Djonga, disfarçado na plateia. Com 45 minutos de duração, conseguiu levantar e aproximar mais a galera que chegava.
OS PROTESTOS
Ao mesmo tempo, Letrux ocupava o palco Adidas, no fundo do autódromo. O show teve camiseta com a inscrição “Lula Livre” no palco e discurso político. A plateia ovacionava. Empolgada, a moça chegou a “surfar” na plateia. Ela apresentou faixas do disco Letrux em Noite de Climão, de 2017.
INFLUENCIADOS?
No palco principal, duas bandas da nova geração roqueira geravam curiosidade (ou desconfiança?) por parte das suas plateias. A primeira a entrar em cena foi The Struts, banda inglesa liderada por Luke Spiller. Calcado no glam rock, o grupo fez um show divertido, graças a Spiller. De blusa de paetê e calça de vinil, ele deu piruetas, fez coreografias, interagiu com o público… Parecia impressionado com a resposta positiva. Impossível não associá-lo a Freddie Mercury (com direito a piano no palco). A primeira música, Primadonna Like Me, foi o suficiente para hipnotizar a plateia. “Este show é o mais rápido que vamos fazer”, disse Spiller. “Mas vai ser o melhor”, completou com a promessa de voltar. In Love with a Camara, Fire e Put Your Money in Me foram algumas que fizeram as pessoas dançar.
Greta Van Fleet ocupou o mesmo palco pouco mais de uma hora depois. O público era maior, bem maior. E diverso. Por lá, jovens empolgados, com a certeza de que veriam um grande show de uma bandas que despontou recentemente e que, de cara, levou um prêmio Grammy. Havia também aqueles de cabelos mais grisalhos, de olhares desconfiados, braços cruzados, tentando entender o que poderia acontecer ali. O motivo? O grupo é acusado de copiar Led Zeppelin, não só no som, como também no visual: cabelos compridos, coletes de veludo, penduricalhos no pescoço. E Josh Kiszka abusa de trejeitos e de “aaahhh” e “ooohhhs” mais alongados (que levavam a galera ao delírio).
O quarteto, também formado pelos irmãos Jake e Sam Kiszka e Danny Wagner, tem entre 20 e 22 anos e carinhas de adolescentes. Conseguiu impressionar – o guitarrista Jake chegou a tocar guitarra por de trás da cabeça, sem ver as cordas. Highway Tune encerrou em grande estilo.
REPRESENTATIVIDADE BRASILEIRA
Gabriel, o Pensador e Iza ocuparam respectivamente os palcos Onix e Adidas, ambos lotados. O primeiro lembrou faixas como Retrato de um Playboy, de 1993, e ainda prestou homenagem a Charlie Brown Jr. Zóio de Lula foi uma das tocadas. Já a carioca, que pode ser chamada de furacão pop, fez todo mundo dançar. Com repertório formado de hits e covers de Rihanna e Lady Gaga, ela mostrou energia em um dos melhores shows da turma nacional.
O IRMÃO DO ALOK
No Perry’s by Doritos, dedicado à música eletrônica, um dos nomes que chamava atenção era o Bhaskar. Irmão gêmeo de Alok, seu nome passou a pipocar apenas recentemente. Com explosões, hits dançantes e projeções, ele ainda recebeu a companhia do próprio Alok no palco. Entre as músicas, Fuego.
AQUECIMENTO
O Interpol fez um show consistente, porém burocrático, no palco Onix. Bem diferente de Twenty One Pilots, que subiu em seguida no mesmo espaço. Estes não só encheram ainda mais a área, como causaram comoção. Pessoas choravam ao som do duo de Ohio. Bandanas e faixas nas cabeças eram mais comum. Ride, Heathens e We Don’t Believe What’s On TV, que veio acompanhada do coro nos “yeah-yeah”‘, foram algumas que chamaram atenção.
ENCERRAMENTO POTENTE
Foi rápido, corrido, mas não menos intenso. O rapper Kendrick Lamar foi o responsável por fechar o festival. E fez com potência esperada. Talvez com o maior público desta edição de evento, o americano hipnotizou a plateia, que, no fim, engatou alguns coros de “eu não vou embora”, mantra do dia anterior.
Com labaredas de fogo no palco que disparavam nas batidas mais fortes, o rapper agradeceu por finalmente vir ao país. A primeira faixa, DNA, já foi um estouro. Passou por ELEMENT. e uma versão de Goosebumps. Os fãs cantavam todas as letras a ponto do rapper jogar versos longos para a galera e esta responder em coro. LOVE., Bitch, Don’t Kill My Vibe, e HUMBLE. também chamaram atenção. No final, com cerca de cinco minutos passados do horário previsto, All the Stars acabou sendo encerrada com a bela queima de fogos do festival e a promessa do cantor de voltar.