Enquanto alguns cômodos, como quarto de empregada e sala de visitas, vão sumindo das casas paulistanas (leia aqui), outros despontam como espaços imprescindíveis. “Antes de projetar uma casa é preciso pensar como ela resistirá ao tempo e às mudanças culturais”, diz a arquiteta Lua Nitsche, que durante um papo com o blog fez algumas reflexões sobre o que sobe e o que desce nas plantas dos imóveis paulistanos. As apostas de alta são as seguintes:
– Cozinha: as cozinhas estão tão em alta que há quem tenha duas: uma para a cozinheira trabalhar de segunda a sexta e outra para a família brincar de chef no final de semana. Exageros à parte, as cozinhas têm se apropriado de espaços das quais estiveram apartadas durantes séculos: a copa, hoje uma espécie em extinção, e as varandas. No caso das varandas, as cozinhas tornaram-se a principal atração desses espaços, dando origem a uma linhagem muito bem explorada pelo mercado imobiliário: as varandas gourmet. Em alguns condomínios, as cozinhas invadiram até mesmo o velho e bom salão de festas na forma de espaço gourmet.
– Salas multiuso: espaços onde seja possível receber amigos, assistir à televisão e estar com as crianças. Com o encolhimento das metragens, muitas vezes essa é a única saída honrosa. Se é o seu caso, abrace a ideia e faça da sua sala um lugar onde passar momentos gostosos. “Ainda há quem ache que criança não deve ficar na sala, como se a casa não fosse também da criança”, diz Lua. Móveis com múltiplas funções e que permitam disposições versáteis, ou seja, podem ser arrastados para cá ou para lá, serem abertos, fechados ou recolhidos, dão jogo de cintura ao cômodo. Mas atenção: ter um espaço funcional, onde convivem brinquedos, peças de decoração e eletrônicos, não é sinônimo de deixar a bagunça rolando solta. Cada coisa tem o seu lugar, mesmo que esses lugares estejam pertinho uns dos outros.
– Suítes padronizadas: se uma casa tem duas ou mais suítes, por que não fazê-las do mesmo jeito? A diferenciação não precisa ocorrer na planta. Pode muito bem ficar a cargo dos acabamentos e da decoração. “Uma obra por si só já é complexa”, diz Lua. “Sistematizar não significa ter uma arquitetura pior, reflete apenas a preocupação de fazer de maneira mais rápida e econômica”, afirma a arquiteta.