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Memória

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Uma viagem no tempo às décadas passadas por meio de suas histórias, costumes e curiosidades.
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Você foi fotografado em frente ao Mappin nos anos 70?

Fotógrafos clicavam quem passava pelo centro da cidade naquela época e depois vendiam as imagens aos interessados

Por Roosevelt Garcia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 jun 2018, 12h39 - Publicado em 29 jun 2018, 12h38
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  • Você está andando calmamente pelo centro de São Paulo, quando de repente um flash é disparado na sua direção e alguém lhe entrega rapidamente um papel com um número. Essa cena um tanto surreal foi muito comum por um curto período de tempo, entre o final dos anos 70 e o comecinho da década seguinte.

    Fotógrafos ficavam circulando pela região, principalmente na área da Barão de Itapetininga, Praça da República e Praça Ramos de Azevedo, clicando instantâneos de quem passava por ali, sem qualquer aviso ou autorização. Em seguida, entregavam uma senha para a pessoa “alvo”, que, se tivesse interesse, ia até um determinado endereço para pegar a sua foto, claro que mediante a um pequeno pagamento. Os registros eram geralmente em preto e branco, certamente para baratear o custo.

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    Um dos pontos preferidos dos fotógrafos era em frente ao Mappin Praça Ramos (Reprodução/Veja SP)

    A ideia hoje parece um tanto absurda, mas foi o maior sucesso na época. Pedestres realmente iam resgatar suas imagens, e o negócio se multiplicou pelas ruas do centro, a ponto de ser difícil passar por ali, principalmente à noite, e não ser clicado por um dos inúmeros fotógrafos que ficavam rondando pelo lugar. Acredite, era seguro andar pelo pedaço à noite, naqueles tempos.

    Um grande número de empresas fazia este serviço, geralmente localizadas em prédios do próprio centro velho, em conjuntos comerciais minúsculos dentro de prédios históricos. Ao chegar lá, era só entregar a senha ao atendente, que trazia uma prova com centenas de fotografias tiradas no mesmo dia. A gente só tinha que localizar a nossa própria foto e pedir a ampliação, que levava mais um dia pra ficar pronta.

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    A loja Piter, que ficava atrás do Teatro Municipal, também concentrava um grande número de fotógrafos (Reprodução/Veja SP)

    Tão rapidamente quanto surgiu, a prática foi abandonada nos primeiros anos da década de 80, em consequência, talvez, do modismo que tinha passado. As poucas pessoas que se propunham a buscar suas fotos não mais compensavam as centenas de filmes fotográficos gastos sem retorno. O acervo com centenas de milhares de fotografias dos anos 70 e 80, hoje seria digno de uma exposição caprichada sobre a época, mas, infelizmente, se ainda existir, deve estar perdido nos fundos de alguma sala abandonada.

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    Foto tirada pelos fotógrafos de rua, em 1979 (Acervo pessoal/Veja SP)
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